Não é de hoje que os postos de saúde da capital vêm sendo alvo de severas críticas por parte dos usuários que necessitam dos serviços da atenção básica municipal. Uma das queixas mais comuns é a ausência não justificada de profissionais, como é o caso da Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Buritis, zona oeste.
“Desde a quarta-feira passada, 9, a minha esposa tenta agendar uma consulta para a mãe dela, minha sogra, de 84 anos, só que não tem médico por lá. Ela [esposa] até questionou o porquê e informaram que um dos médicos está de licença e o outro não apareceu para trabalhar. Infelizmente esse tipo de situação ocorre quase que diariamente”, relatou um usuário, que não quis ser identificado.
Conforme o denunciante, além da falta de profissionais para realizar atendimento, a unidade também estaria impossibilitada de realizar procedimentos simples, como aferição de pressão arterial. “Só para você ter uma ideia do tamanho da desorganização, se você for lá tentar medir a pressão, não vai conseguir, porque não tem como fazer. E não adianta ir para outro posto, porque eles vão te reencaminhar de volta para a unidade do seu bairro”, afirmou.
A Folha foi até a UBS do bairro Buritis para verificar a situação de perto e constatou que, apesar do movimento tranquilo, muitos usuários se sentiam perdidos em relação à procura de algumas especialidades. A reportagem conversou com o diretor da unidade, Luís Benício, que disse receber com surpresa as queixas relatadas na denúncia. “Admira-me receber essa informação, já que os procedimentos oferecidos na unidade estão sendo realizados normalmente. Temos uma equipe de médicos nos dois horários de funcionamento e todas as especializadas estão seguindo normalmente”, declarou.
Benício explicou ainda que, em alguns casos, quando há a necessidade de avaliação especializada, a UBS encaminha o usuário para outra unidade, por meio da assinatura de uma ficha. “Atualmente, as demandas que requerem avaliação especializada estão sendo encaminhadas para o Hospital Coronel Mota”, complementou. Além de atendimento pré-natal e preventivo, a Unidade Básica de Saúde do bairro Buritis oferece ainda consultas odontológicas, psicológicas e troca de curativos, além de atendimento ambulatorial.
A falta de médicos também afeta os atendimentos no Centro de Saúde Olenka Macellaro, no bairro Caimbé, também na zona oeste. A unidade foi recentemente escolhida para ser uma UBS com atendimento em três turnos na capital.
Segundo reclamação de um usuário, dois médicos estariam de licença, o que prejudica o atendimento da população. “Levei minha esposa para uma consulta e fomos informados da ausência desses dois especialistas. A previsão de retorno de ambos, segundo a recepcionista, é a quarta-feira da semana que vem, dia 23. Só que tem gente que vem de muito longe para buscar ajuda, como foi o caso de um senhor que trouxe a filha para tratar de uma anemia”, citou.
Sobram reclamações também dos usuários da Unidade Básica de Saúde Dr. Dimitri Ramos Grandez de Araújo, no bairro Alvorada. Lá a reclamação é em relação ao limite de agendamento para marcação de consultas, conforme relatou uma moradora. “A forma como estão fazendo essas consultas é muito injusta. Hoje, cheguei às 5 horas da manhã para marcar exames e tinha duas pessoas na minha frente. Quando eles iniciaram os atendimentos, apenas essas duas pessoas foram atendidas e quando questionei a respeito, me falaram que eles já tinham completado a quantidade de exames que são marcados por dia. Então que espécie de procedimento é esse?”, questionou. (M.L)
Atendimento está normal em unidades de saúde, diz Prefeitura
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) informou que o atendimento médico na unidade básica do Buritis está funcionando normalmente, inclusive os serviços de enfermagem e odontologia, além da oferta regular de medicamentos. “Hoje a Secretaria de Saúde conta com 90% dos itens que compõem a Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (Remume)”, frisou.
A administração municipal afirmou ainda que unidade do bairro Buritis realiza todos os serviços essenciais, como exemplo, a triagem com escuta qualificada, vacina, teste de glicemia, medição de pressão arterial, curativo, nebulização, exame de malária, expedição do cartão do SUS e atendimento médico.
Sobre as cotas de exames na unidade de saúde, a Semsa salientou que está buscando uma alternativa para ampliar o número de exames disponibilizados.
Sobre o Centro de Saúde Olenka Macellaro, uma das unidades com horário estendido até a meia-noite, a Semsa destaca que a unidade está com o atendimento dentro do normal, frisando que todo trabalhador daquela unidade tem direito a se ausentar do trabalho em casos de doenças, com a devida apresentação dos atestados.
Segundo a Secretaria de Saúde, a unidade possui quatro médicos pela manhã e três pela tarde. “Dois médicos, que atendem nos dois horários estão enfermos. No entanto, ainda há outros profissionais de plantão na unidade fazendo o atendimento à população nos dois períodos, além de três médicos no horário noturno”, complementou.
A nota assegura ainda que todas as unidades do município realizam atendimento com triagem e acolhimento com classificação de risco, destacando também que todos os pacientes são referenciados para os atendimentos necessários de acordo com a urgência. “Nenhum paciente fica sem atendimento”, concluiu. (M.L)