Cotidiano

Acidentado espera cirurgia há um mês

HGR continua com cirurgias eletivas suspensas, as quais só serão retomadas quando for comprado material

A marcação de cirurgias no principal hospital de referência do Estado voltou a ser motivo de reclamação de usuários que dependem do serviço público de saúde. Conforme uma denúncia enviada à Folha, um aposentado de 67 anos aguarda há um mês a realização de uma cirurgia ortopédica.
No dia 10 novembro, Raimundo Dorneles de entrada no Hospital Geral de Roraima (HGR), após ser vítima de acidente de trânsito ocorrido no bairro Sílvio Leite, zona Oeste. Na ocasião, o aposentado acabou quebrando o fêmur. “Nesse dia, eu tinha saído para fazer compras, quando a moto em que estava acabou sendo colhida por um carro. O motorista do veículo prestou socorro e me acompanhou até o hospital. Os médicos constataram que eu tinha quebrado o fêmur e precisava fazer cirurgia“, disse.
O que Dorneles não esperava era que ali começaria seu martírio. Durante o período de internação, as cirurgias programadas para ele haviam sido suspensas, o que aumentou ainda mais a angústia do paciente. Segundo a direção da unidade, o adiamento do procedimento se deu por conta de uma infecção urinária.
“Eles até me levaram para a mesa de cirurgia, mas quando constataram o caso de infecção, eles me disseram que não poderia realizar, pois eu poderia correr risco de vida. Os médicos iriam tratar primeiro para depois ver um dia para realizar o procedimento novamente. A infecção foi tratada, mas eles tinha uma preocupação em relação a problemas de pressão. Eu disse a eles que não tenho problema, pois a minha pressão é normal. Eles analisaram direitinho e marcaram a minha cirurgia para a próxima quarta-feira, dia 24”, afirmou
Ainda conforme o aposentado, outros problemas surgiram no decorrer da internação, como a falta de itens médicos, como curativos e mangueiras para soro, problemas que só foram sanados dias após a internação. “Eu fui internado justamente quando estava ocorrendo a greve dos profissionais. O governo ainda não tinha repassado o pagamento dos médicos, e aí tinha pouco pessoal para atender os pacientes. Não tinha curativos para os pacientes, mas agora a situação já está normalizada. O medicamento, graças a Deus, nunca faltou. O complicado era que não tinha materiais para a higienização de  ferimentos, como gaze, e até mesmo mangueiras para soro”, frisou.
DEMORA – Outro usuário insatisfeito com as atividades do hospital é Elvis Gomes. Morador do bairro Raiar do Sol, o garçom de 36 anos relatou à Folha sobre a demora no atendimento do no Pronto Atendimento Airton Rocha (PAAE).
“Levei para aquela unidade um amigo que estava sentindo fortes dores nos rins. Quando nós chegamos, a atendente o colocou na classificação verde de atendimento, que é para casos mais simples. O problema foi que, além da demora de mais de uma hora, havia muita gente para ser atendida. Quando fomos até lá, havia poucos enfermeiros atendendo. Acredito que isso é uma falta de respeito, pois problemas mais simples que podiam ser tratados de forma mais rápida não estão sendo feitos de forma mais imediata”, relatou.
SESAU – Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde de Roraima (Sesau) informou que, devido ao problema de desabastecimento de medicamentos e material médico-hospitalar, as cirurgias consideradas não urgentes continuam suspensas para garantir o atendimento aos casos prioritários: pacientes internados em caso grave, pacientes da área oncológica e outros casos que, de acordo com a avaliação clínica feita pelos médicos, envolvam risco de complicações e morte. “A retomada das eletivas ocorrerá com a conclusão do processo de compra emergencial, que está tramitando”, informou.
No que diz respeito ao atendimento no Pronto Atendimento Airton Rocha (PAAR), a secretaria afirmou que, por orientação do Ministério da Saúde, as unidades de urgência e emergência utilizam o Acolhimento com Classificação de Risco (ACCR), em que o paciente é avaliado e classificado por cores: vermelha tem atendimento imediato; laranja prevê atendimento em até dez minutos; o amarelo em até 60 minutos; o verde em 120 minutos; e o azul 240 minutos.
A Sesau disse ainda que as unidades de atendimento de urgência e emergência não recusam atendimento, de modo que a maior parte da demanda no PAAR se refere a casos classificados na cor verde e azul, os quais admitem um tempo de espera entre duas e quatro horas porque poderiam ser atendidas pelas unidades básicas de saúde.
Na questão de profissionais, a Sesau negou a informação sobre falta de enfermeiro e médicos na área médica por atraso de pagamento. “As escalas de plantão continuam normais. De qualquer forma, pacientes e usuários podem registrar reclamação, sugestão, críticas e denúncias na Ouvidoria da unidade ou procurar a administração. Esse registro é importante para que a gestão saiba o que está ocorrendo e busque soluções para possíveis problemas, bem como, para que o reclamante tenha retorno da sua demanda”, frisou. (M.L)