Infestação de mosquito cai 40% com implantação de armadilhas nos bairros

Desde o fim do mês de maio, a Prefeitura de Boa Vista vem intensificando ações de combate aos criadouros do Aedes aegypti, mosquito responsável pela transmissão de doenças como dengue, chikungunya e zika vírus. Entre os mecanismos adotados pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) está a utilização de estações disseminadoras de larvicidas, uma técnica desenvolvida pela Fundação Oswaldo Cruz, que tem como apoiadores o Ministério da Saúde (MS) e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).

“As unidades disseminadoras funcionam como uma armadilha com larvicida. Quando a fêmea do Aedes aegypti passa por elas, fica impregnada com a substância e a leva até o criadouro, disseminando a ação larvicida. Assim, eliminam-se as larvas até mesmo em focos não identificados pela população e pelos agentes de saúde”, frisou a Prefeitura.

A primeira mostra recolhida das 300 armadilhas instaladas em dez bairros da zona oeste da Capital com maior índice de infestação (Asa Branca, Buritis, Caimbé, Cambará, Cinturão Verde, Liberdade, Pricumã, Jardim Primavera, Santa Tereza e Tancredo Neves) mostrou uma diminuição de 40% da infestação por ovos do mosquito, chegando até 81% em determinados bairros.

Novos dados deverão ser atualizados em breve, já que há uma preocupação com a chegada do verão roraimense. A Folha esteve na manhã de ontem, 22, visitando o bairro Buritis, uma das localidades escolhidas como experimento da ferramenta e constatou que, mesmo com a implantação da armadilha, o temor em relação às doenças causadas pelo mosquito ainda é muito presente entre a população.

Morador da Rua Antônio Pinheiro Galvão, o militar aposentado Evandro Rodrigues Gomes, 47 anos, disse que ele e a esposa apresentaram sintomas positivos para chikungunya. O casal ainda aguarda os resultados do exame feito recentemente. A preocupação agora é em relação às filhas pequenas.

“A presença dos agentes de endemias é constante, até porque a minha casa foi uma das residências escolhidas para a implantação desse tipo de estratégia. Aqui, a gente tem muito cuidado com os ambientes, no entanto, minha esposa e eu estamos com sintomas muito semelhantes aos da chikungunya. Nosso temor é em relação as minhas filhas, já que são todas pequenas”, comentou.

Outro morador que se diz temeroso com a possibilidade de aumento da doença é Daniel Lopes, 20 anos. Soldado do Exército, o jovem destacou que, sempre quando está com tempo disponível, tem o hábito de estar cuidando da limpeza do próprio quintal de casa. Apesar disso, afirmou que muitos vizinhos não possuem a mesma consciência dos perigos causados por doenças transmitidas pelo mosquito.

“Mesmo com toda a nossa vigilância dentro de casa e com a presença frequente dos agentes de endemias, a gente tem medo de realmente pegar uma doença dessas. Eu já tive dengue, mas isso foi há três anos. Agora que surgiram a chikungunya e essa tal de zika, que deixa a pessoa com dores no corpo por um bom tempo. A preocupação nossa é ainda maior”, relatou.  

CONSCIENTIZAÇÃO – Sobre a falta de conscientização da população, a Prefeitura ressaltou que nenhuma estratégia de combate ao Aedes aegypti será eficaz se a população não se conscientizar sobre a importância dos cuidados dentro de casa, colaborando com o trabalho realizado pelo poder público.

“As disseminadoras são uma alternativa, porém, é preciso enfatizar que os cuidados em relação ao combate são essenciais, tais como evitar o acúmulo de água parada em recipientes como copos, pneus, tampinhas de garrafa ou vasos de plantas e no lixo armazenado incorretamente”, complementou.

A Prefeitura afirmou que diariamente os agentes de combate a endemias estão nos bairros visitando as residências e fazendo a borrifação, por meio de carros fumacê e a intradomiciliar, com a finalidade de eliminar os mosquitos na sua forma adulta. (M.L)