Polícia

Em menos de 11 meses criminosos de alta periculosidade retornam ao Estado

Conforme a polícia, os detentos integram a facção criminosa PCC e lideraram o primeiro massacre que ocorreu na Pamc

Por volta das 17h30 desta quarta-feira, 6, um jato da Polícia Federal aterrissou na pista do Aeroporto Internacional de Boa Vista Atlas Brasil Cantanhede trazendo sete presos ligados ao crime organizado em Roraima que haviam sido transferidos para o presídio federal de Mossoró (RN), em outubro do ano passado, após massacre que resultou na morte de 11 presidiários. Ao menos 50 policiais militares da Força Tática e da Divisão de Inteligência e Captura (Dicap), agentes penitenciários e federais estiveram envolvidos na ação e no procedimento de desembarque dos detentos.

Os presos são: Evaldo Lira Almeida, Ramon Michel dos Santos Barros, Wilson da Silva Lopes, Herculano Santos de Souza, Francivaldo dos Santos Calazans, Richardson Santos de Souza e Francisco Valente de Mesquita. Todos trajavam uniforme de camisa branca e calça azul no momento em que desceram do avião. Juntos, eles somam penas que chegam a 200 anos de prisão.

O motivo do retorno dos presos está relacionado ao fim do prazo de um ano acordado entre o Estado e o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), no entanto, o prazo poderia ser prorrogado pelo mesmo período de tempo. Os detentos ficaram na unidade prisional do Nordeste por 11 meses.  
De acordo com uma fonte da Folha, todos têm envolvimento direto com o crime organizado e teriam orquestrado a primeira matança na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc) no dia 16 de outubro passado. “Eles são os cabeças do PCC [Primeiro Comando da Capital], por isso tinham sido transferidos para outra unidade da Federação porque, naquela época, eles tinham um poder de mando muito grande. Eram eles que determinavam as execuções, por isso deveriam continuar no presídio federal, onde é mais seguro”, disse a fonte.

Depois que desembarcaram, todos os detentos entraram num carro-cela do Sistema Penitenciário de Roraima e foram conduzidos à sede da Dicap, integrada à Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc), onde passaram por uma avaliação. Na noite de ontem foram levados para a Pamc, onde cumpriam penas antes da transferência.

FICHA CRIMINAL – A Folha fez um levantamento da ficha criminal de cada um dos presidiários, cujas penas são provenientes principalmente de crimes de roubo, homicídio e tráfico de drogas:

– Herculano dos Santos Souza, de 35 anos, é apontado como um dos principais “cabeças” da facção criminosa do PCC. Apelidado de “Cabeção”, responde por homicídio, tráfico de drogas, assalto e porte ilegal de arma de fogo. Há crime em que ele é reincidente e responde duas vezes.

– Francivaldo dos Santos Calazans, de 34 anos, vulgo “Toby”, também encabeça o PCC em Roraima. Ele responde por assassinato e lesão corporal. A polícia afirma que ele é extremamente violento nos assaltos.

– Richardson Santos de Souza, 35 anos, conhecido como “Visconde”, tanto rouba como furta. A pena dele ultrapassa 12 anos de reclusão.

– Francisco Valente Mesquita, 38 anos, mais conhecido como “Pororoca”, é condenado por roubo, tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo. Também é violento durante suas investidas criminosas.

– Evaldo Lira de Almeida, vulgo “Medalha”, de 30 anos, tem como especialidade o tráfico de drogas. Sua tarefa no PCC, segundo a polícia, seria levantar dinheiro com a venda de drogas. Ele também identificava locais, para abertura de novas “bocas de fumo” na cidade.

– Ramon Michel dos Santos Barros, de 36 anos, vulgo “Parazão”, também é condenado por tráfico de droga. Considerado como comparsa de “Medalha”, agia em conjunto no empreendimento criminoso.

– Wilson da Silva Lopes, vulgo “Zé do Rádio”, de 45 anos, era um dos mais experientes do PCC em Roraima, conforme investigações da polícia. Ele também responde pelos crimes de tráfico de drogas e formação de quadrilha e organização criminosa.

GOVERNO – A Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) não confirmou a identidade dos detentos, sob a justificativa de que, por medida de segurança, os nomes dos transferidos só seriam repassados quando estivessem nas unidades prisionais e com todos os procedimentos administrativos concluídos. O governo também não deu detalhes à Folha sobre a transferência dos presos. (J.B)