Cotidiano

Doença mais forte que dengue preocupa

Em poucas semanas, número aumentou de 5 para 125 casos da febre Chikungunya na Venezuela, deixando autoridades em alerta em Roraima

O coordenador de Endemias, Joel Gomes, foi um dos entrevistados do programa Agenda da Semana, na Rádio Folha 1020, no domingo. Ele falou a respeito da febre Chikungunya, que está afetando diversos estados da Venezuela. Segundo ele, oito estados estão em epidemia de dengue e tem 125 casos confirmados do vírus Chikungunya, que pode ser transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue.
Desta forma, basta uma pessoa infectada entrar em contato com um destes vetores e a doença pode se espalhar, a exemplo do que vem ocorrendo na Venezuela. Gomes explicou que a diferença entre as doenças é que a febre é mais alta e as dores nas articulações bem mais fortes. Ele explicou que a letalidade onde tem ocorrido a doença é de 0,6%, mas os sintomas são muito fortes.
“Não sabemos como ela vai se comportar no Brasil, principalmente em Roraima, pois ficamos mais próximo da Venezuela. As crianças e os idosos são os que mais sofrem e as dores nas articulações vão de seis meses a um ano”, disse.
Gomes explicou que o tratamento não tem vacina nem medicação específica e que o manejo clínico é parecido com o da dengue. “Os sintomas são amenizados e não tem medicação específica para o vírus. Quem tem problemas reumáticos, artrite e artrose fica algumas vezes impedido de usar as mãos. Apesar de ter letalidade baixa, ela tira o paciente das suas atividades normais”.
Ele disse que o estado de Bolívar, na Venezuela, o mais próximo da fronteira de Roraima, ainda não teve registro de casos. “Mas temos que nos preparar, pois está se espalhando rapidamente. Há duas semanas eram cinco casos, agora, são 125. Está se transmitindo de forma rápida. A população de Roraima está com janela imunológica para adoecer com a Chikungunya”, aleertou.
Como a circulação de brasileiros na Venezuela é intensa, já foram registrados seis casos no Brasil, especificamente em São Paulo, mas há um sargento do Amazonas que chegou do Haiti. “Nossos militares chegam de lá daqui a quatro meses e já estamos preocupados. Vamos tentar intervir e reduzir o risco de transmissão”, frisou.
Joel Gomes afirmou que Roraima está preparado para a doença. “Não temos como impedir a entrada da doença, mas podemos diminuir o risco da transmissão no Estado. As unidades de vigilância epidemiológica na Capital foram chamadas para se prepararem para receber os pacientes. Em nível técnico, estamos bem avançados”, comentou.
SINTOMAS – A Chikungunya é caracterizada principalmente pelas dores nas articulações, que podem chegar a um grau crônico, em que esse sintoma permanece por mais de seis meses. Em uma das línguas oficiais da Tanzânia, o nome da doença quer dizer “aqueles que se dobram”.
O tratamento é similar ao da dengue, com o uso de paracetamol, anti-inflamatórios e até corticóides. O Ministério da Saúde aconselha, a quem for viajar para África e sudeste da Ásia, adotar medidas de prevenção, como uso de repelentes e mosquiteiros.