A apreensão de 100 quilos de cocaína que estavam em um avião monomotor que caiu na Terra Indígena Yanomami, na região do Baixo Rio Branco, Sul de Roraima, chamou a atenção como a maior quantidade de drogas encontrada pela Polícia Militar do Estado.
A quantidade representa quase o total do número de apreensões de entorpecentes realizadas por todos os órgãos de segurança de Roraima no primeiro semestre deste ano. Segundo um levantamento feito pela Folha, com base em matérias veiculadas, foram 111 quilos de cocaína e maconha apreendidos de janeiro a junho.
A pesquisa levou em consideração apenas apreensões acima de 500 gramas de cada entorpecente, feitas em prisões de traficantes na Capital e nos municípios do interior, e durante revistas na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), a maior unidade prisional do Estado.
Em janeiro foram apreendidos 3,3 quilos de drogas, sendo 1, 7 quilos de maconha e 1,6 de cocaína. Já em fevereiro foram 7,5 quilos apreendidos, sendo 4,5 de maconha e outros três de cocaína. Março foi o mês em que houve mais apreensões de entorpecentes em Roraima no primeiro semestre. Ao todo, foram 43,9 quilos, sendo 41,6 só de maconha e 2,3 de cocaína.
Em abril, foram mais 23,4 quilos de drogas, com 21,8 quilos de maconha e 1,6 de cocaína. Já em maio foram 22,7 quilos apreendidos, sendo 14,6 de maconha e 8,1 de cocaína. As apreensões em junho somaram apenas 10,3 quilos, sendo 4,3 de maconha e 6 quilos de cocaína.
A Polícia Civil foi responsável por 5,6 quilos de drogas apreendidas no primeiro semestre deste ano, segundo dados fornecidos pelo órgão. Já a Polícia Rodoviária Federal fez a apreensão de 8,5 quilos e a Polícia Federal de 38 quilos. O restante das apreensões ficou a cargo da Polícia Militar (PM), Exército Brasileiro (EB), Força Nacional (FN) e Guarda Civil Municipal (GCM).
ROTA DO TRÁFICO – As últimas investigações da polícia apontaram que a cocaína e seus derivados entram no Brasil pela fronteira Norte de Roraima com a Venezuela. Já a maconha vem da Guiana, na fronteira Leste. Uma pequena parte da droga fica na Capital, mas a maior parte segue para as demais regiões do País.
Os narcotraficantes, ainda segundo investigações, também utilizam Roraima como ponte aérea para Europa e países asiáticos. Africanos foram presos no ano passado pela Polícia Federal no Aeroporto Internacional de Boa Vista quando carregavam dezenas de cápsulas de cocaína no estômago.
A maioria das rotas utilizadas por traficantes internacionais é por estradas no meio do lavrado, apelidadas de “cabriteiras”, situadas em terras indígenas, onde só a Polícia Federal pode fiscalizar.
O Aeroporto de Boa Vista também se tornou rota do tráfico porque os traficantes acreditavam que não haveria uma vigilância ou segurança rigorosa que os impedissem de enviar a droga para outros estados.
O que chama a atenção é que em todos os casos de apreensões feitas pela Polícia Federal, este ano, os envolvidos no crime de tráfico de drogas são jovens entre 19 e 22 anos, todos nascidos no Amazonas, Estado que faz divisa com Roraima ao Sul.
OPERAÇÃO – Em dezembro do ano passado, a Polícia Federal em Roraima deflagrou a Operação Rota 174, com o objetivo de desarticular a associação criminosa que atuava no tráfico interestadual de drogas entre Roraima e Amazonas. À época, foram presos 26 investigados e cerca de 70 kg de drogas foram apreendidos.
A investigação apontou fortes indícios de crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico, com tráfico de maconha, cocaína, skunk, ecstasy e LSD entre os dois estados. (L.G.C)