Um surto de varicela, popularmente conhecida como “catapora”, doença infecciosa altamente transmissível, causada por um vírus, está sendo registrado entre crianças e adolescentes venezuelanas que estão vivendo no Centro de Referência ao Imigrante, localizado no bairro Pintolândia, zona Oeste de Boa Vista.
A situação foi descoberta por estudantes do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Roraima (UFRR) que realizavam uma ação social no abrigo. O trabalho desenvolvido pelos acadêmicos, chamado “Help Enfermagem e Ação”, é realizado uma vez por semana no local, onde vivem aproximadamente 500 estrangeiros, a maioria índios da etnia Warao, entre eles estão cerca de 150 crianças e adolescentes.
“Realizamos essa ação junto ao Distrito Yanomami e auxiliamos nas atividades e acompanhamentos de saúde dos indígenas”, explicou o coordenador do curso, Raphael Florindo Amorim. Após a identificação dos casos, o grupo informou a situação à Organização Não-Governamental (ONG) Fraternidade, que é responsável pelos venezuelanos que vivem no abrigo.
O alerta fez com que as secretarias municipal e estadual de Saúde realizassem campanhas de vacinação para imunizar os estrangeiros contra a doença. “Iniciamos o nosso trabalho com o cadastro de quase 200 pessoas e hoje está em quase 600. Começamos a distribuir o cadastro por censo de faixa etária e programa do Ministério da Saúde. Fizemos acompanhamento do crescimento e desenvolvimento das crianças, campanha de vacinação para gestantes, crianças e adolescentes contra HPV, Hepatite, Febre Amarela, Tríplice Viral, entre outras”, disse Amorim.
Segundo ele, as condições em que vivem os estrangeiros no abrigo são fatores de risco para doenças. “A maneira com que vivem há a necessidade de se trabalhar o saneamento básico para que os indígenas morem provisoriamente. Evidenciamos muita doença de pele, respiratória, alguns casos de sífilis, HIV, que foge do controle da pessoa, da higiene pessoal e básica”, disse.
O coordenador afirmou que a prevenção é fundamental para evitar novos casos de doenças contagiosas. “A catapora é facilmente transmitida se o indivíduo nunca teve ou nunca foi vacinado. A dificuldade é que não sabemos como era o serviço de saúde lá, na Venezuela, e a maioria não tem cartão de vacina e não tem as vacinas que temos aqui, então há a necessidade de vacinação de doenças transmissíveis”, frisou.
GOVERNO – A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou, por meio de nota, que devido ao surto de catapora no abrigo, foi realizado um bloqueio vacinal com o intuito de coibir a proliferação da doença em uma ação realizada em conjunto pelo Núcleo Estadual do Programa Nacional de Imunizações e Centro Municipal de Imunizações na sexta-feira, 22.
“Foram vacinadas mais de 70 pessoas residentes no abrigo, ou seja, todas as pessoas que tiveram contato com o caso-índice e que estavam no local no momento da ação. Os técnicos também passaram a orientação de que quem não foi vacinado, procure o quanto antes o posto de saúde mais próximo para receber a imunização”, ressaltou.
PREFEITURA – Também por meio de nota, a Prefeitura de Boa Vista informou que a equipe da Vigilância Epidemiológica esteve no abrigo de refugiados na sexta-feira, 22, para investigar a ocorrência de surto de catapora no local, após uma solicitação.
“Depois de algumas análises dos casos, foi realizado o bloqueio vacinal contra varicela em pessoas que apresentavam critério para vacinação. Ao todo foram imunizadas 85 pessoas, entre adultos e crianças”, frisou. (L.G.C)