Cotidiano

Único sobrevivente de acidente aéreo no Cantá recebe alta após dois meses

Em até 30 dias deve ser publicada a norma técnica que vai instituir o protocolo de segurança para ações na Amazônia

O agente ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), Lazlo Macedo de Carvalho, 44 anos, único sobrevivente do acidente aéreo ocorrido no dia 03 de julho, no Município do Cantá, na região Centro-Leste de Roraima, recebeu alta nesta terça-feira, 26, do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ), no Rio de Janeiro, onde passou 84 dias internado. 

Após o acidente que vitimou outros três agentes federais e o piloto da aeronave, Lazlo foi socorrido em estado grave para o Hospital Geral de Roraima (HGR) e transferido para o Rio. Um dia antes de deixar a unidade, o agente recebeu a visita do Ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, que também assegurou o apoio do ministério à família e a continuidade do tratamento. Em até 30 dias deve ser publicada a norma técnica que vai instituir o protocolo de segurança para ações na Amazônia.

Lazlo pediu empenho na implantação de normas de segurança para os servidores que trabalham na linha de frente da fiscalização ambiental. Desde o acidente, nenhum servidor do órgão recebeu autorização para utilizar aeronaves de terceiros sem que a sede, em Brasília, seja comunicada e, após levantar a regularidade, liberar ou não a viagem.

CASO – Uma aeronave modelo Cessna prefixo PR-MFR caiu em uma área de mata fechada no Cantá, próximo ao fim da pista da empresa de táxi-aéreo Paramazônia, por volta das 11h. O avião havia sido alugado pelo Exército para transporte de pessoal para área de atuação da Operação Curare VIII, que atua no combate a crimes ambientais e garimpo ilegal, entre outros ilícitos, em área de fronteira.

Cinco pessoas estavam a bordo do avião, sendo quatro servidores do Ibama e o piloto. Morreram no local o piloto Marcos Costa Jardim, os funcionários Sebastião Lima Ferreira Júnior, Olavo Perim Galvão e Alexandre Rochinski. Lazlo Macedo de Carvalho, do Ibama, foi o único resgatado com vida.

Foi a segunda vez que um avião da mesma empresa caiu em menos de duas semanas. No dia 14 de junho, outra aeronave fez um pouso forçado no Rio Catrimani, no Município de Caracaraí, na região Centro-Sul do Estado. Nesse acidente, o tripulante e o piloto chegaram a sobreviver à queda, mas um resgate malsucedido feito pela empresa aérea acabou vitimando o piloto, que morreu afogado.

INVESTIGAÇÃO – A Folha entrou em contato com o Centro de Prevenção e Investigação de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) para saber como estão as investigações dos dois acidentes envolvendo aeronaves da empresa Paramazônia e se há previsão para que os relatórios sejam concluídos.

Por meio de nota, o órgão informou apenas que as duas investigações, do acidente envolvendo a aeronave de matrícula PR-MFR, ocorrido no dia 03 de julho de 2017, no Cantá, e a investigação do outro acidente que aconteceu no dia 14 de junho deste ano, em Caracaraí, com a aeronave de matrícula PT-KGC, estão em andamento.

À época dos acidentes, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) havia informado que todas as informações referentes ao caso estão sendo coletadas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Aeronáutica, e que os certificados e licenças da empresa, aeronaves e pilotos, estavam todos válidos.

A Folha apurou que, em investigações de acidentes, é impossível estipular um prazo de duração fixo para uma investigação, devido às circunstâncias específicas que envolvem cada desastre. Quando questionado sobre o assunto, o Cenipa respondeu que precisa de cerca de um ano e meio para que todos os detalhes de um acidente aéreo sejam esclarecidos. No entanto, já houve investigações concluídas em 10 meses e outras que se arrastaram por quase cinco anos antes de serem completadas. (L.G.C)