Polícia

Presa mulher que entregava filha de 11 anos para estupro coletivo

Agentes do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (NPCA), sob a coordenação da delegada Jaira Farias, em cumprimento ao mandado de prisão preventiva, nesta quarta-feira, 27, prenderam uma mulher de 46 anos, acusada de estupro de vulnerável. A vítima é a própria filha da acusada, que tem 11 anos e vinha sendo estuprada desde os cinco anos pelo padrasto e por homens de origem guianense. A prisão aconteceu na Comunidade Indígena Bom Jesus, no Município de Bonfim, região Leste do Estado.

A delegada disse que as investigações já duram um ano e começaram com registro de Boletim de Ocorrência (B.O.) feito pela irmã da vítima, que estava desconfiando dos crimes. Há relatos de que cinco homens estupraram a criança ao mesmo tempo. “Na verdade, existem diversos Boletins de Ocorrência registrados sobre o mesmo caso, inclusive a própria mãe registrou ocorrência, mas foi para disfarçar. Nós começamos a investigar o padrasto que abusava da menina desde os cinco anos de idade. Descobrimos que a mãe era conivente. Ela assistia os abusos. Tomamos conhecimento de que ela levava homens guianenses para ter relação com a menina”, explicou Jaira.

Devido aos frequentes abusos, a criança veio morar em Boa Vista com a irmã e com o cunhado, numa tentativa de fugir da violência sexual. “Mas aqui, em Boa Vista, quando estava a caminho da escola, era interceptada pela mãe e levada para manter relações sexuais com homens guianenses. São exatamente esses homens que também estamos investigando para ver se a gente chega até esses indivíduos. Já temos os nomes e vamos ver se conseguiremos localizá-los”, acrescentou a delegada.

A mãe é suspeita de se beneficiar com o dinheiro dos programas. As investigações ainda estão em curso para apurar todas as informações. “A gente acredita que teve favorecimento. Ainda não temos essa certeza, mas mesmo que não tenha se beneficiado, já configura o crime de corrupção de menor por estupro, por omissão, porque ela praticou estupro junto com o padrasto e com os outros homens”, enfatizou a delegada.

O pedido de prisão também se estende ao padrasto, que fugiu para a Guiana. Ele estaria foragido em uma comunidade chamada Algodão, que fica a alguns quilômetros de Lethem.

A criança continua morando em Boa Vista. “Acionamos o Conselho, Tutelar que achou por bem deixar a vítima com a irmã. Enquanto isso, as investigações aconteciam”, ressaltou Jaira Farias. A mulher foi presa no fim da manhã de ontem, na comunidade onde vivia com o companheiro. “Ela diz que não fez nada, mas a gente não tem a menor dúvida”, reforçou a delegada.

Por conta dos estupros, a vítima estava fisicamente debilitada. Os laudos de exames, incluindo de conjunção carnal, comprovam o estupro e que, em decorrência dos atos que foi submetida no período de seis anos, apresenta sérios problemas que comprometem seu bem-estar.

“A menina confirma os crimes. São provas bem robustas. O pedido de prisão foi feito esta semana e deferido rapidamente”, afirmou a autoridade policial. “A mãe pedia para a menina filmar e fotografar o corpo para enviar aos negociadores. Ela ainda assistia a tudo. É um caso que eu considero bastante chocante, escabroso, porque mãe é para proteger. São relatos horríveis”, frisou. A criança faz acompanhamento psicológico no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas).

O NPCA está fazendo contato com a polícia da Guiana e usando a diplomacia com as autoridades guianenses para chegar até o acusado. A acusada foi enviada para a Cadeia Pública Feminina de Boa Vista (CPFBV), onde ficará à disposição da Justiça. As investigações seguem com o intuito de também localizar os demais criminosos, no total de cinco homens. (J.B)