Além dos filhos e de parentes próximos ao senador Romero Jucá (PMDB) e de pessoas ligadas à empresa responsável pela construção do Residencial Vila Jardim, no bairro Cidade Satélite, na zona Oeste, o superintendente da Caixa Econômica Federal em Roraima, Severino Rivas, também foi alvo da Operação Anel de Giges, realizada pela Polícia Federal (PF) em conjunto com a Receita Federal, na manhã de ontem, 28.
Conforme o delegado, o banco também teria omitido documentos sobre a construção do empreendimento. “Se a PF descobriu isso é porque houve falha durante o acompanhamento da obra. Só houve informação completa após a provocação da Justiça, o que gerou suspeita sobre a atividade do banco no esquema”, disse o delegado da Polícia Federal responsável pela operação, Allan Robson.
O superintendente da Caixa foi conduzido coercitivamente à PF, onde foi interrogado, mas não deve ser indiciado como os demais envolvidos. Conforme a PF, a investigação identificou o desvio de R$ 32 milhões dos cofres públicos, tendo como origem o superfaturamento na aquisição da Fazenda Recreio, e na construção do Residencial Vila Jardim, do projeto Minha Casa Minha Vida, no bairro Cidade Satélite (veja mais informações na página 02A).
Na área do conjunto residencial, onde atualmente moram cera de 10 mil famílias, distribuídas em 2.992 apartamentos, ficava localizada uma parcela de 26 hectares da Fazenda Recreio, onde é a residência da prefeita Teresa Surita (PMDB), vendida por R$ 4 milhões à Caixa pelos filhos e ex-enteados do senador.
A investigação apontou que o valor pago pelo banco estatal aos filhos e enteados do senador peemedebista pelo pequeno lote de terras da área, que possui 1.600 hectares, foi bem acima do valor de mercado. Segundo a Polícia Federal, cada hectare deveria custar R$ 60 mil.
Para a PF, o órgão falhou em cumprir com o papel de acompanhar, fiscalizar e liberar os recursos para a obra. “Os quatro proprietários venderam o terreno de forma superfaturada. Em valores aproximados o valor de mercado era de 3,5 milhões, mas o terreno foi vendido por 4,5 milhões”, disse o delegado Allan Robson.
A partir de agora, a PF deve investigar se há envolvimento de funcionários da Caixa no suposto desvio milionário. “Dependendo do que houver nos materiais apreendidos, podem ser responsabilizados outros trabalhadores. Iremos analisar documentos e mídias para descobrir outras pessoas envolvidas e instaurar outros inquéritos”, frisou.
CAIXA – Em nota, a Caixa Econômica Federal frisou que as informações estão sendo repassadas exclusivamente às autoridades competentes. “A Caixa esclarece que mantém contato permanente com as autoridades competentes, prestando irrestrita colaboração com as investigações e operações policiais”, destacou. (L.G.C)