O comércio roraimense vem sofrendo com a falta de moedas para troco. O problema é ainda pior em setores ligados a alimentação, como supermercados, padarias, mercearias, armarinhos e lanchonetes. A gerente financeira de um supermercado no bairro São Francisco, zona Norte da Capital, Lucy Froz, disse que a falta de moedas para abastecer os caixas da empresa tem sido de fato um desafio diário.
“Geralmente no final do dia, fica faltando bastante dinheiro nos nossos caixas. Não é todo cliente que aceita a troca de moedas por outro produto e ainda tem a questão de uma lei que obriga que os estabelecimentos repassem aos consumidores o troco da forma certa. Então, é realmente um desafio diário para a empresa”, disse.
De acordo ela, o déficit econômico pela falta de troco representa em média 50% do faturamento mensal da empresa. Para driblar as dificuldades, vale adotar qualquer estratégia, inclusive verificando a situação com os fornecedores.
“A forma como a gente está se virando é pesquisar a situação junto aos nossos fornecedores. Esses parceiros atuam em vários setores, desde lan houses, donos de lanchonetes e até mesmo os clientes mais fieis. Eles geralmente possuem moedas em caixa e nós oferecemos a possibilidade de trocá-las por cédulas, o que tem dado muito certo”, frisou.
Outra opção bem recorrente pelos supermercados é a implantação de coletores de moedas, permitindo a troca rápida do item por cupons de compras, o que acaba facilitando tanto a vida dos caixas quanto dos consumidores.
Por enquanto, somente o Hiper DB do Centro possui a tecnologia, que fica a disposição da população na entrada lateral do prédio. “O hábito pela utilização da máquina ainda não é tão frequente, mas ainda assim é um equipamento de facilita bastante a vida dos consumidores”, ressaltou o sub-Gerente do estabelecimento, Lucas Souza.
De acordo com Santos, o Catamoedas, como é chamado o equipamento, permite que o usuário deposite até R$ 5 mil. Graças a seu software, a máquina faz toda a leitura das moedas, separando-as de acordo com o valor correspondente.
“Ela funciona via rede DHCP (Dynamic Host Configuration Protocol), interligada a um software de inteligência artificial conectada a internet. A pessoa deposita as moedas no coletor, segue as instruções indicadas na tela do equipamento, ela faz toda a separação por valor, para em seguida emitir cupom para o consumidor”, explicou.
AUTÔNOMA – Dados do Banco Central deste ano apontam que o “entesouramento”, que é o hábito da população em guardar moedas para encher cofrinhos, tira cerca de 7,4 bilhões da economia brasileira. Em termos gerais, isso significa dizer que um terço de todas as moedas que são produzidas no país deixa de circular no mercado.
Dentre as pessoas que se enquadram na categoria acumuladores compulsivos está Cássia Soares. A trabalhadora autônoma de 51 anos contou à reportagem que o hábito vem desde os seis anos de idade e que já chegou a guardar em seu cofre aproximadamente R$ 350,00 em moedas.
“Eu admito que realmente faz falta a presença dessas moedas no mercado, tanto é que há três semanas atrás fui em uma loja e vi que no caixa a atendente estava com dificuldades para repassar o troco. Eu me propus a ajudar a moça do atendimento e acabei trocando cerca de R$ 350,00 em moedas, e esse é um problema que está em todo o lugar”, comentou.
Atualmente, Cássia já está com seu cofrinho novamente cheio, com pouco mais de R$ 120,00. Mesmo ciente de que seu hábito prejudica a economia, ela conta que guardar dinheiro a ajuda a passar por algumas situações de emergência, como na aquisição de presentes de última hora e de medicamentos.
“Geralmente eu guardo as moedas porque é inevitável o surgimento de situações excepcionais, como uma data festiva ou até para comprar medicamentos. Tendo essa reserva guardada, é mais fácil adquirir esses produtos de forma mais imediata”, pontuou. (M.L)