Cotidiano

Trânsito pode ser maior vilão da expectativa de vida roraimense

Expectativa de vida ao nascer em Roraima é 4,3 anos menor que a média nacional

Em 33 anos, as pessoas que vivem em Roraima ganharam mais de 11 anos na expectativa de vida ao nascer, que passou de 59 anos, em 1980, para 70,6 anos em 2013.  Um dado que chama à atenção na Tábua Completa de Mortalidade para o Brasil em 2013, feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é que em Roraima, os homens estão morrendo antes das mulheres, o que pode ser explicado pela violência no trânsito.
A hipótese foi levantada pelo sociólogo e técnico do IBGE, Vicente de Paulo Joaquim, ao afirmar que o grande número de mortes no trânsito, sobretudo de jovens, pode ser o grande vilão da expectativa de vida do roraimense. Segundo o estudo, atualmente a esperança de vida ao nascer das mulheres é 5,3 anos maior que a dos homens, que são as principais vítimas de acidentes de trânsito.
O sociólogo enfatizou que além da questão cultural de uma preocupação maior com a saúde por parte das mulheres, um fator preponderante na morte precoce dos homens é o envolvimento em acidentes de trânsito. “Apesar de não haver um indicador específico, os jovens de 15 a 25 anos são os que mais se expõem a riscos e isso reflete na questão da expectativa de vida”, explicou.
Conforme dados do Detran (Departamento Estadual de Trânsito), 2014 registrou o maior número de mortes no trânsito dos últimos cinco anos. Em 2013, foram 131 óbitos (alta de 20,2% em relação ao ano anterior) e neste ano, de janeiro a setembro, já se contabilizou 138 mortes. Os homens são os que mais se envolvem em acidentes de trânsito: são 3.651 contra 1.396 envolvendo mulheres.
Joaquim esclareceu que a esperança de vida ao nascer trata do número médio de anos que um indivíduo viverá a partir do nascimento, considerando o nível e estrutura de mortalidade por idade, observados naquela população. Para o cálculo da esperança de vida ao nascer leva-se em consideração não apenas os riscos de morte na primeira idade – mortalidade infantil -, mas para todo o histórico de mortalidade de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos.
“De uma maneira geral, os estados da região Norte têm uma expectativa de vida menor por terem mais dificuldade de acesso aos programas de saúde”, explicou Joaquim, ao pontuar que Roraima está em uma posição mediana em relação aos outros estados da região.
Em relação à média nacional a expectativa de vida em Roraima é menor do que a média nacional. Enquanto aqui, espera-se que uma pessoa viva 70,6 anos, a média nacional é de 74,9 anos. Desde 1980, quando a expectativa era de 62,5 anos, houve aumento de 12,4 anos na expectativa de vida da população como um todo.
Segurado terá que trabalhar mais para se aposentar por tempo de contribuição
As novas expectativas de sobrevida referentes a 2013 alteram o Fator Previdenciário, usado para calcular o valor das aposentadorias por tempo de contribuição. O novo fator incidirá sobre os benefícios requeridos a partir deste mês, pois, Conforme a lei, a Previdência Social deve considerar a expectativa de sobrevida do segurado na data do pedido do benefício para o cálculo do Fator Previdenciário.
Com as novas expectativas de sobrevida, considerando-se a mesma idade e tempo de contribuição, um segurado com 55 anos de idade e 35 anos de contribuição que requerer a aposentadoria a partir de hoje, terá que contribuir por mais 79 dias corridos para manter o mesmo que era pago de benefício se tivesse feito o requerimento no último dia 28. Um segurado com 60 anos de idade e 35 de contribuição deverá contribuir por mais 94 dias para manter o valor.
O presidente do Sindicato dos Aposentados, Pensionistas e Idosos do Estado de Roraima, Avanísio Nascimento, a mudança é negativa para a classe, que defende o fim do fator previdenciário. “Somos contra tudo o que venha gerar mais despesas para a pessoa que quer se aposentar ou diminuir o que é pago de aposentadoria”, comentou.
FATOR – O Fator Previdenciário é utilizado somente no cálculo do valor da aposentadoria por tempo de contribuição. Na aposentadoria por invalidez não há utilização do Fator, e, na aposentadoria por idade, a fórmula é utilizada opcionalmente, apenas quando aumentar o valor do benefício.
Pelas regras da aposentadoria por tempo de contribuição, se o Fator for menor do que 1, haverá redução do valor do benefício. Se o Fator for maior que 1, há acréscimo no valor e, se o Fator for igual a 1, não há alteração.
O novo Fator Previdenciário será aplicado apenas às aposentadorias solicitadas a partir deste mês. Os benefícios já concedidos não sofrerão qualquer alteração em função da divulgação das novas expectativas de sobrevida.  (Y.L)