Cotidiano

Onça-pintada resgatada de poço em Caroebe é devolvida à natureza

Uma onça-pintada fêmea, de aparentemente três anos de idade e aproximadamente 50 quilos, vai iniciar o processo de retorno à natureza nesta quinta-feira, 19. Desde o início do mês, o animal selvagem está sendo tratado no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis de Roraima (Ibama-RR), localizado no bairro Cidade Satélite, zona oeste da Capital.

De acordo com o analista ambiental e médico veterinário do Cetas, James Batista de Souza, o processo de retorno do animal à natureza inicia na manhã de hoje, quando a equipe do Cetas e de demais órgãos ligados ao meio ambiente viajam até o município de Amajari. O grupo vai se deslocar até uma área segura e longe de habitações, para fazer a soltura do animal.

“Nós vamos fazer o condicionamento do animal na gaiola e vamos levar ela [a onça] para soltura. Chegando lá, vamos retirar ela da jaula, mas por conta do medicamento, ainda demora um período até que ela esteja plenamente acordada. Enquanto isso, vamos aguardar para saber se tudo vai ocorrer do modo como planejado e devemos pernoitar no local. Assim que ela acordar, ela mesmo corre de volta para a natureza”, explicou James.

RESGATE DO ANIMAL – A onça-pintada foi encontrada no dia 9 de outubro, em um poço de 12 metros de altura em um sítio abandonado na Vicinal 02, no município de Caroebe. Segundo James, crianças moradoras de uma fazenda vizinha brincavam no espaço abandonado quando escutaram o rugido da onça de dentro do poço e chamaram pelo pai, que assim que constatou a presença do animal, entrou em contato com os órgãos ambientais.

“Realizamos uma ação conjunta entre o Ibama, a Companhia Independente de Policiamento Ambiental (Cipa), o Corpo de Bombeiros do Destacamento de Rorainópolis e o Bosque dos Papagaios da Prefeitura de Boa Vista. Unimos as forças das instituições para resgatar o animal com segurança, utilizando da experiência de cada um”, contou.

O médico veterinário do Cetas informou que um funcionário do Bosque dos Papagaios precisou descer com uma corda até metade do poço, acertar o animal com dardo anestésico, laçar a onça e, com a ajuda dos Bombeiros, retirar o animal do local. Em terra firme, o médico aplicou mais uma dose do medicamento e enjaulou o felino para transporte até Boa Vista.

James ressaltou que o deslocamento foi necessário em razão da situação em que a onça foi encontrada. “Acreditamos que ela estava há pelo menos cinco dias no poço, sem comer, somente bebendo um pouco de água que restava no fundo e por isso não veio a morrer. Ela estava muito debilitada, com as patas machucadas e não tinha condições de fazer a sutura dela ali, naquelas condições. Trouxemos para cá, ela se alimentou e agora está pronta para ser solta. Agora é o momento de devolver para a natureza”, frisou.

ANIMAIS RESGATADOS – O analista do Cetas explicou que, em média, de 500 a 600 animais são resgatados por ano em Roraima, sendo a maioria aves e répteis. Os principais animais resgatados são papagaios, jabutis e cobras, respectivamente. Apesar do índice aparentar alto, James explica que os números ainda são baixos quando comparados com o restante do país. “Nos grandes centros, os números variam entre 5 mil ao ano”, pontuou.

James afirmou que as recuperações acontecem por meio de ação fiscalizatória, ou seja, quando os órgãos de controle investigam a possibilidade de contrabando de animais selvagens, criação ilegal de animal silvestre em cativeiro, sem autorização ambiental ou recebem denúncia; a entrega voluntária, quando a pessoa decide por conta própria fazer a passagem do bicho e por resgate, quando o animal aparece em ambiente incomum por acidente.

O médico veterinário ressaltou que a maioria dos animais que passam pelo Cetas, cerca de 80%, voltam para a natureza. “É a nossa intenção. Tratar e depois devolver para a natureza. Aqueles que não conseguem voltar são encaminhados para o Bosque dos Papagaios, 7º Bis ou para outro mantenedor fora do Estado”, afirmou.

Para a população que se deparar com um animal selvagem, nos casos de animais mais simples de se lidar, como jabutis, a recomendação é que, se possível, sejam levados até o Cetas. Em caso de animais com mais dificuldade, como porco-espinho e cobras, a orientação é ligar para os órgãos ambientais. “Quem faz essa captura, além do Ibama, é a Cipa e o Corpo de Bombeiros”, pontuou James. (P.C)