Violência na escola é tema de palestra nas unidades da rede estadual de ensino

Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apontam que pelo menos 12,5% dos professores brasileiros já sofreram violência verbal ou intimidação de alunos pelo menos uma vez por semana, colocando o país na liderança do ranking negativo da violência no âmbito escolar contra professores.

Para a grande maioria dos especialistas sobre comportamento educacional, o avanço da violência urbana, somado ao envolvimento cada vez mais precoce dos jovens com o uso de drogas, tem contribuído para o crescimento desse percentual.

Diante de uma situação cada vez mais preocupante, o pesquisador, historiador e diretor de projetos da Rede Maranhense de Diálogos sobre Drogas (Remadd), Daniel Cosme Guimarães, tem realizado pelo país uma série de estudos para auxiliar gestores sobre como diminuir as conturbações no meio escolar.

Desde o início dessa semana, o historiador tem cumprido uma extensa agenda de atividades no Estado. Entre as ações desenvolvidas por ele está a promoção de palestras em unidades de ensino, contando um pouco das experiências dele sobre o tempo.

“Tratar desse tipo de assunto é de muita importância, pois atualmente vivemos uma inversão de valores. Antigamente, se havia um respeito com a figura do professor na sala de aula, o que não ocorre nos dias de hoje. Infelizmente, durante os meus estudos, pude perceber que além do crescimento da evasão escolar nas unidades de ensino, há também um déficit também de professores, porque muitos acabam se desgostando com essa nova realidade. Por isso é essencial discutir maneiras de como minimizar essa violência no âmbito escolar”, afirmou.

À Folha, o pesquisador contou que um dos grandes desafios para os educadores nos dias de hoje é entender de forma mais clara as diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em vigor no país desde 1990. Essa questão foi inclusive tema do livro produzido por ele, em parceria com a coronel da Polícia Militar de Alagoas (PM-AL) Valdenize Ferreira. A obra foi lançada no ano passado.

“Infelizmente há muitos professores que ainda não dominam o estatuto, que existe há mais de 25 anos, então, nesse sentido, a gente faz todo um treinamento com esses profissionais, para que eles possam distinguir as diferenças entre ato infracional e indisciplina. No geral, ambas as situações precisam de focos diferenciados, mas no caso do ato infracional, o direcionamento precisa ser mais cuidadoso, pois necessita o acionamento de todos os órgãos de proteção à criança e ao adolescente”, destacou.

Além das palestras, o historiador também está realizando estudos mais apurados sobre a violência doméstica. Para ele, o assunto precisa ser tratado com maior atenção, visto que as ocorrências envolvendo o crime de feminicídio têm aumentado expressivamente no país.

“Dentro dessa agenda, nós também estamos realizando esse estudo sobre a violência doméstica, que também é um dos fatores que tem atingido as pessoas em idade escolar. Nós sabemos que aqui em Roraima há um número bastante elevado, principalmente em relação ao feminicídio. Por isso, nós decidimos também tratar desse assunto, tanto que vamos realizar na segunda-feira, 23, uma palestra voltada para essa temática”, salientou.

CURRÍCULO – O pesquisador Daniel Cosme Guimarães Gonçalves, 41 anos, é especialista em História do Brasil, pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e mestrando em Antropologia Ibero-americana, pela Universidade de Salamanca, da Espanha.

Ele exerce a função de diretor de Projetos e Pesquisador da Rede Maranhense de Diálogos sobre Drogas (Remadd), possuindo experiência na área de educação com ênfase na prevenção ao uso de drogas e violência nas escolas da educação básica de ensino. (M.L)