Cotidiano

Diaristas cobram, em média, R$ 50 para limpeza de túmulos e capelas

A dez dias para 2 de novembro, quando é celebrado o Dia de Finados, a movimentação de pessoas é intensa nos cemitérios de Boa Vista. Quem trabalha com ornamentação, revitalização e limpeza de túmulos já está lucrando com a data.

Entre os diaristas que estão faturando bastante nesse período está Thainá Cavalcante, de 21 anos. À Folha, a estudante contou que decidiu se aventurar nesse ramo há pelo menos dois anos e que 2017 tem sido bastante lucrativo. “Diferente do ano passado, esse ano a procura de pessoas pelo meu serviço de revitalização é grande e é o tipo de atividade que não é tão complicado”, afirmou.

Segundo Thainá, os preços pelo serviço podem variar de acordo com o tipo de edificação existente no lote. No caso das capelas, por exemplo, o valor da diária será um pouco mais alto do que o cobrado em túmulos. “Para as capelas, eu costumo fixar uma base de diária entre R$ 60 a R$ 65, enquanto os túmulos simples ficam numa média de R$ 30 a R$ 50”, explicou.

O Dia de Finados significa oportunidade para os venezuelanos. Natural de Valência, no estado de Carabobo, Ivan Jesus, de 23 anos, veio para Boa Vista há cerca de três meses. Em sua cidade natal, ele exercia a profissão de mecânico, mas, por conta das dificuldades para encontrar pessoas dispostas a contratá-lo para a sua área de atuação, optou por fazer pequenos bicos para ajudar no sustento da família.

“Vim para Boa Vista com minha mulher e meu filho, porque a situação na Venezuela está bastante difícil. Como não tenho conseguido emprego de mecânico, tenho feito alguns bicos para conseguir algo para alimentá-los. Por sorte, têm surgido alguns serviços, o que tem ajudado bastante”, relatou.

Para revitalizar uma pequena capela, Jesus disse que cobra a diária de R$ 50. “Pode parecer pouco, mas acaba sendo de ajuda, e outras pessoas acabam requisitando o meu serviço”, comentou.

Mas há também quem prefira se encarregar pessoalmente da organização dos túmulos de seus entes queridos, como é o caso do autônomo Wilson Rodrigues. O piauiense de 63 anos contou que sempre fez questão de ficar responsável de revitalizar o local onde está enterrada a esposa, já falecida há 20 anos. “Eu faço isso não só para o Dia de Finados, mas também em alguns dias comuns, para ver se está tudo organizado. É também uma maneira de sentir que ela está perto, apesar desses 20 anos desde sua partida”, salientou.

Comerciantes se preparam para venda de ornamentações

Do lado de fora do Cemitério Nossa Senhora da Conceição, a movimentação de vendedores de ornamentos também é grande. Aos poucos, as barracas vão sendo montadas e as expectativas para este ano são das melhores.

“Cheguei aqui há três dias, justamente para começar a deixar tudo organizado para o Dia de Finados. É algo que já faço há mais de 20 anos e esse é justamente o período que eu mais lucro no ano”, informou a artesã Elzanilde Reis, de 68 anos.

Velha conhecida no setor de ornamentação, a artesã relata que o interesse de preparar itens para enfeitar lápides veio por meio dos ensinamentos de sua mãe. De lá para cá, ano após ano, ela faz questão de ser sempre uma das primeiras a montar barraca em frente ao único cemitério público da capital. “É uma tradição que eu aprendi com a minha avó e que eu faço questão de manter viva, tanto que minha renda maior vem da produção de artesanato e produção de doces. Eu sempre aproveito essas datas comemorativas para produzir e o Dia de Finados é disparado o feriado mais lucrativo do ano”, destacou.

Para os consumidores que estão se antecipando, adereços como a coroa de flores, por exemplo, estão sendo vendidos no local entre R$ 90 até R$ 250. Enquanto itens mais simples, como vasos de flores, podem ser encontrados com variação de preços entre R$ 15 até R$ 80. “Dependendo do tamanho, o preço acaba mudando, mas o importante é que a pessoa vai levar um item que vai deixar um túmulo mais bonito, fora que é uma demonstração de respeito e carinho, mesmo que a pessoa não esteja mais em vida”, analisou a vendedora. (M.L)