Cotidiano

Maranhenses são a maioria dos migrantes em Boa Vista

Vinda de nordestinos ao Estado se dá por conta de oportunidade de crescimento econômico e estabilidade financeira, revela Unama

A pesquisa “A Percepção do Boa-Vistense Sobre o Convívio com Estrangeiros”, do Instituto Unama em parceria com a Folha, revelou que os maranhenses são a maioria dos migrantes que moram em Boa Vista, seguidos por paraenses e amazonenses. Conforme os dados coletados em outubro deste ano na Capital, dos 626 entrevistados, cerca de 60% eram naturais de Roraima e 40% não nasceram no Estado. Dos oriundos de outras localidades, um total de 27,7% nasceu no Maranhão, ou seja, a maioria dos entrevistados.

O resultado da pesquisa chama a atenção, considerando que a distância de Boa Vista até São Luís, capital do Maranhão, é de mais de 3 mil quilômetros. Lembra-se também que o estado não faz fronteira com Roraima, como acontece com o Amazonas, na região Sul e Oeste, e o Pará, na região Sudeste do Estado.

Em segundo lugar, ficou o Pará, com 15,7%; em terceiro, o Amazonas, com 8,7%; e em quarto, o Ceará, com 7,9%. O dado revelado na pesquisa, no entanto, é contrário ao imaginário popular, que normalmente crê em uma maioria amazonense em Roraima.

Os estados de Rondônia, Goiás, Bahia, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Pernambuco, Acre, Rio de Janeiro, Piauí, Rio Grande do Norte e Paraíba também apareceram na pesquisa, com índices mais baixos, entre 4,1% e 1,2%.

Na mesma pesquisa, os entrevistados revelaram que concordam com a afirmação de que “existem muitas pessoas de fora morando em Boa Vista” e que classificam “Boa Vista como uma cidade acolhedora para os que vêm de outros estados do Brasil”, com um índice de mais de 95% nas duas questões. Ainda sobre a vivência em Roraima, os avaliados acreditam em sua maioria (75%) que Boa Vista oferece muitas oportunidades econômicas.

Com relação à opinião de que “são as pessoas que vem de fora que construíram Boa Vista e que construirão o futuro do Estado de Roraima”, os cerca de 600 entrevistados relataram que concordam (49%) e que concordam parcialmente (33%) com a informação. Os que não concordaram com o dado somam 14% e um total de 4% não soube ou preferiu não responder a pergunta.

ANÁLISE – O doutor em Ciência Política e um dos coordenadores de Estudos e Pesquisas da Unama, Adriano Oliveira, fez uma análise sobre os resultados da pesquisa e considerou que ainda não se pode falar em uma mudança no número de residentes de outros estados em Boa Vista, mas pode considerar que a pesquisa revela uma presença forte de nordestinos provindos do Maranhão em Roraima.

“Devemos nos questionar porquê nordestinos saem do Nordeste e chegam a Boa Vista. Considero que a motivação dessas pessoas seja em virtude da procura de emprego, de novas oportunidades econômicas, considerando que a própria pesquisa revela que a população acredita que a Capital oferta oportunidades econômicas”, apontou Oliveira.

Quanto a questão do Amazonas e do Pará, o cientista político avaliou que os índices se devem talvez também por conta das ofertas de emprego e uma estabilidade financeira. “Isso se deve talvez, porque o Pará e o Amazonas estão ofertando oportunidades econômicas, algo que segurou de alguma forma os nascidos por lá. A ausência de oportunidades econômicas e a fama de Boa Vista dar oportunidades levam os nordestinos. Essa é a explicação que detecto na pesquisa”, pontuou.

A PESQUISA – Foram realizadas 626 entrevistas durante os dias 17 e 18 de outubro de 2017, com pessoas com mais de 16 anos residentes na Capital. A amostra dos entrevistados foi selecionada primeiramente a partir de setores censitários e, em seguida, por um número fixo de pessoas de acordo com sexo e faixa etária. A publicação dos dados faz parte de uma parceria entre a Unama, entidade ligada ao Grupo Ser Educacional e o Grupo Folha de Comunicação, com o objetivo de proporcionar aos leitores uma visão mais ampla das mudanças ocorridas na sociedade ao longo dos anos. (P.C)