Cotidiano

Policiais afirmam que presídios são a origem do crime organizado

Avisos e indícios já teriam apontado, antes dos atentados, a presença das facções criminosas em Roraima

A presença de facções criminosas no estado já não era uma novidade àqueles que trabalham no meio policial, tanto que já havia sido tema de vários alertas. Para o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Roraima (Sindpol), José Nilton Pereira, e a delegada Giuliana Castro, a desarticulação do sistema prisional aliada à falta de uma integração com o sistema de Segurança Pública são responsáveis pelo fortalecimento do crime organizado em Roraima, que vai na contramão da desorganização do poder público.
Em entrevista ao programa Agenda da Semana, da Rádio Folha 1020, veiculado na manhã deste último domingo, dia 28, os dois policiais concordaram que somente a estruturação do sistema prisional, aliado ao trabalho conjunto entre a Sesp (Secretaria Estadual de Segurança Pública) e Sejuc (Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania) podem ajudar no combate ao poder paralelo instaurado no Estado.
O sindicalista enfatizou que a mola propulsora do crime organizado em Roraima é o tráfico de drogas, que por sua vez, é praticado, em sua maioria, por foragidos do sistema prisional. “Se a gestão não combater este crime, este cenário pode piorar”, frisou.
Já Giuliana Castro acredita que, por vaidade, a cúpula da Polícia Civil, por muitas vezes, se furta de trabalhar de maneira integrada ao setor que mais dispõe de informações úteis no combate à criminalidade, a Dicap (Divisão de Capturas), da Sejuc. “A Segurança Pública tem que ser integrada ao Sistema Prisional, mas o que temos hoje são as duas instituições trabalhando de forma isolada”, criticou.
A delegada classificou como “criminosa” a “omissão” das autoridades em relação aos avisos e aos indícios que há anos já vinham apontando para a presença das facções criminosas em Roraima. Ela lembrou que, há cerca de três anos, policiais foram alvo de ameaças por parte de criminosos e que, ainda assim, nenhuma providência teria sido tomada.
Nilton criticou ainda a falta de um plano estratégico para o combate ao crime e frisou que esta desorganização do sistema coloca em risco aqueles que estão na linha de frente. Segundo ele, por falta de condições mínimas de trabalho, os policiais civis viraram meros registradores de Boletins de Ocorrência, gerando descrédito pela população. “Isso tudo é reflexo da falta de gestão”, disse. (Y.L)