Política

Estado deve arcar com prejuízo de R$ 800 milhões em dívidas da CERR

Empresa energética não fornece mais energia para os municípios desde janeiro, quando a Eletrobras assumiu a função após perda da concessão

Em entrevista ao Programa Agenda da Semana, na Rádio Folha AM 1020, no domingo, 19, o presidente da Companhia Energética de Roraima (CERR), Francisco Oliveira, afirmou que, mesmo após a perda da concessão do fornecimento de energia para os 14 municípios do interior, o Governo do Estado deve arcar com R$ 800 milhões em dívidas da empresa. Segundo ele, o valor se refere a débitos adquiridos na gestão anterior para estruturar a companhia, que passaria a ser administrada pelo Governo Federal, o que acabou não acontecendo à época. 

Oliveira afirmou que hoje, a CERR agoniza devido à situação em que ficou com a retirada da concessão de geração e fornecimento de energia elétrica pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em agosto de 2016.

“Desde janeiro deste ano deixamos de fornecer energia, ou seja, estamos sem arrecadação. Agora, estamos na fase de liquidação dos ativos para que possamos sanar as dívidas, que não são poucas. A empresa tem um patrimônio imenso que foi construído ao longo de mais de 50 anos. A Aneel avaliou tudo e chegou a quantia máxima de R$ 600 milhões”, disse.

O presidente da CERR informou que, deste total, após deduções por depreciação, o Governo do Estado deve ficar com uma quantia líquida de R$ 297 milhões. “Para a Eletrobras devemos R$ 137 milhões e para a Petrobras R$ 60 milhões. Somando todo o patrimônio e débitos da CERR, o Estado deve receber cerca de R$ 80 milhões, cujo R$ 60 milhões já estão destinados para causas trabalhistas. O que sobra de fato são apenas R$ 20 milhões, que ainda podem ser absorvidos por algum débito”, detalhou.

Ele lembrou que, a CERR não vai mais receber contas atrasadas de consumidores porque os inadimplentes foram anistiados. “Tínhamos algo em torno de R$ 87 milhões para receber de consumidores devedores, pois a inadimplência no interior era muito grande. Porém, não iremos mais receber, pois a Assembleia Legislativa de Roraima aprovou anistia desses débitos. Esse dinheiro poderia ser utilizado para cobrir os gastos com a extinção da empresa”, declarou o presidente da companhia.

Apesar das dívidas, Oliveira destacou que, a CERR ainda deve receber alguns recursos retidos que, somados, chegam a R$ 78 milhões. “Desse total, R$ 18 milhões são de recursos retidos em fundos setoriais. Essa quantia irá amortizar uma parte do débito adquirido por gestões anteriores, que não souberam investir o dinheiro que solicitaram por meio de um empréstimo”, frisou.

OBRAS – Apesar de não ter mais a concessão para o fornecimento de energia, a CERR ainda trabalha na recuperação de alguns empreendimentos que faziam parte da estrutura da empresa, como a ativação da hidrelétrica de Jatapu, no Município de Caroebe, a Sudeste do Estado, e obras nas subestações dos municípios de Iracema (Centro-Sul) e Bonfim (Leste) e na Vila do Apiaú, no Município de Mucajaí (Centro-Oeste). “Ainda estamos finalizando algumas obras, pois a governadora deseja entregar tudo funcionando”, frisou.