Polícia

Homem incendeia carro de ex-namorada por não aceitar o fim do relacionamento

A servidora pública Cyneide Alves, 31 anos, procurou a Folha para denunciar que seu ex-namorado incendiou seu veículo, no dia 20 de novembro. Disse que ele foi preso no dia 21 e posto em liberdade no dia seguinte, depois de pagar fiança no valor de R$ 5 mil em audiência de custódia. O caso aconteceu na Rua Estrelinha, bairro Professora Araceli Souto Maior, na zona Oeste. A vítima disse que decidiu denunciar o fato para encorajar outras mulheres a não se amedrontarem diante das ameaças dos companheiros. O Voyage, de cor prata, ficou parcialmente destruído. 

“Por volta das 22h, eu tive uma discussão com ele, que pediu para passar uns dois meses na minha casa. Eu moro com minha mãe, mas no fundo do quintal eu construí um quarto. Ele ficou de passar cerca de um mês ou dois meses, até conseguir alugar um apartamento. Eu não queria que ele morasse comigo, mas como não tinha onde ficar, deixei ele ficar no quarto. Foi passando o tempo e eu só consegui conversar com ele dia 20. Eu disse que não dava mais para ele ficar porque estava passando do prazo. Eu já tinha perdido a confiança por algumas coisas que ele fez”, destacou Cyneide.

Depois da discussão, o indivíduo decidiu sair da casa cedida e fez ameaças, afirmando que não “deixaria barato”. “Fez ameaças para mim na frente da minha mãe, da minha filha e da menina que mora comigo, que é filha da minha cunhada. Ele fez ameaças para mim na casa da minha tia, dizendo que não iria ficar por isso, que eu estava enganada, que eu teria uma surpresa. Estava extremamente perturbado, desorientado, chorando, desequilibrado. Minha tia pediu para minha prima deixá-lo na casa dele”, explicou a vítima.

Dentre as ameaças, disse que danificaria o carro da ex-namorada. Como a residência da família não tem portão, Cyneide decidiu guardar o veículo na casa do vizinho, por ser murada e ter portão. Ela disse que imaginava estar evitando qualquer dano ao seu bem. “Eu imaginei que ele iria quebrar os vidros. Passei a noite mal, não consegui dormir. Por volta das 4h do dia 21, eu escutei o alarme e, quando ouvi, já levantei e imaginei que teria acontecido alguma coisa com meu carro. Quando abri a porta. vi a fumaça subindo. Eu corri para lá e o vizinho já vinha ao meu encontro dizendo que ele tocou fogo no meu carro”.

Tanto a vítima quanto os vizinhos tentaram apagar as chamas com o uso do extintor, água e areia, mas todas as tentativas foram frustradas. Somente depois que a Polícia Militar e bombeiros chegaram ao local as chamas foram controladas. “Fui ao 5º Distrito, registrei Boletim de Ocorrência e imediatamente o delegado plantonista me encaminhou para a Delegacia da Mulher. Nesse intervalo, ele ficou rondando a frente da minha casa no carro com a mãe dele. Chegaram a ir até o 5º DP atrás de mim”, relatou.

A delegada titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher pediu que uma viatura fosse atrás do suspeito. Os agentes conseguiram prendê-lo em flagrante em frente à casa da vítima. “Depois de ser solto, ele andou rondando aqui perto de casa novamente. Passou de carro ameaçando meus primos, apontando o dedo para os meus primos, ele a mãe dele, sempre os dois juntos. Vou voltar à delegacia para registrar uma queixa contra a mãe dele porque ela é cúmplice”, ressaltou.

A vítima relatou que está pagando as parcelas do veículo, e que era o único meio de transporte da família, usado para levar a filha à escola, a mãe de 65 anos ao tratamento médico, por ter a saúde fragilizada, e para ir ao trabalho. “Eu pensei bastante e decidi que vou falar para que outras mulheres não tenham medo de se expor. Estou com uma medida protetiva. Quero que as pessoas saibam o que ele fez. Não quero que ele se passe por inocente. Ele vai ter que pagar o dano que me causou. É muito doloroso ter que trabalhar duro, comprar um bem e uma pessoa simplesmente destruir porque não aceita um ‘não’. Não posso me calar”, frisou Cyneide Alves.

Para pagar o prejuízo que terá com o carro, a vítima decidiu que vai fazer uma rifa e que vai atrás de doações de brindes. Todo o fundo arrecadado servirá para recuperar o transporte. “Quero que todo mundo fique sabendo, e que a família dele saiba, que eu não estou sozinha, que estou rodeada de pessoas que estão ajudando. Quero que as mulheres que passaram pela mesma situação que denunciem, criem coragem”, frisou a servidora pública. (J.B)