O pai de um menino de dois anos e oito meses de idade procurou a Folha para denunciar o tratamento dado por alguns profissionais do Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA), considerado a unidade referência no atendimento de crianças na Capital, ao filho.
À reportagem, o rapaz de 26 anos, que pediu para não ser identificado, informou que o problema com a unidade iniciou no dia 12 de fevereiro, quando o filho acidentalmente acabou introduzindo uma semente de açaí no nariz.
“Como as crianças nessa idade são curiosas, ele acabou colocando essa semente no nariz, que acabou ficando presa na cavidade nasal. Ele nos falou sobre isso e imediatamente levamos para o hospital. O médico que atendeu naquele dia fez um raio-x, mas não foi detectado nada”, comentou.
Sem nenhuma resolução, o pequeno paciente foi encaminhado para casa. Passados aproximadamente oito meses, os problemas voltaram e a família voltou ao Hospital da Criança para uma nova avaliação médica.
“Votamos ao hospital no dia 28 de novembro e o médico que atendeu nessa ocasião viu que havia um ‘corpo estranho’, que é o termo que eles utilizam para informar que algo que não faz parte daquela região do corpo está alojado, mas como ele não era o especialista, acabou encaminhando para um médico otorrino. Até aí tudo bem, só que como já havia passado do horário de marcação de consulta, tivemos que comparecer na terça seguinte, 5, para agendamento. Levei minha esposa à 1h e ela só conseguiu sair às 7h para conseguir marcar a tal consulta para o dia 22 de janeiro”, relatou.
Ainda segundo o rapaz, no mesmo dia da marcação da consulta, ele percebeu que o nariz do filho apresentava uma secreção com odor forte, provavelmente em decorrência de infecção na região afetada. Novamente pediu para que a esposa fosse até a unidade, que foi mal atendida.
“O médico nem quis olhar para a cara do meu filho. Disse que era um atrofiamento que ele iria ter para o resto da vida e receitou apenas uma pomada. Mesmo a minha esposa informando a ele do diagnóstico do outro médico, esse senhor foi bastante grosseiro com ela, afirmando que como ele era o especialista, ela não tinha como querer saber mais que ele”, relatou.
Somente no dia seguinte, 6, foi que o sofrimento do menino teve fim, quando outro especialista conseguiu resolver o problema. “No outro dia, levei meu filho com outro médico, Dr. Mauro Schimtz, e ele conseguiu detectar o problema e extrair o corpo estranho sem o mínimo esforço. Ou seja, precisou meu filho passar por todo esse sofrimento para uma medida simples. Fico me perguntando quantos pais ou mães de família passam por esse tipo de negligência. Por sorte não são todos os médicos que são assim, mas é algo muito revoltante”, salientou.
Após todos os transtornos, o rapaz tentou comunicar o fato tanto para a ouvidoria do hospital quanto a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), mas não obteve sucesso. “O problema é que não tem ninguém naquele hospital que possa orientar sobre o que fazer nesse tipo de situação e, na Secretaria de Saúde, a orientação que recebi foi que eu buscasse meus direitos junto ao Ministério Público”, completou.
PREFEITURA – Em nota, a Prefeitura de Boa Vista reiterou que os profissionais do Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA) são altamente capacitados para o trabalho que exercem dia a dia. A Prefeitura preza pelo atendimento humanizado, acolhedor e, acima de tudo, o bem estar dos pacientes.
A criança recebeu todo o suporte da equipe e realizou todos os exames necessários. Diante do relato dos pais em relação ao atendimento, a Prefeitura assume o compromisso de apurar os procedimentos realizados durante o acolhimento da criança. (M.L)