A rendição faz parte da medida de forças entre as pessoas. Os mais fortes têm o comando, os mais fracos são comandados, mas esse posicionamento na dinâmica da vida é temporário, como a analogia feita com a “roda gigante”, uma hora estamos lá em cima, outra pelo meio do caminho e outra, podemos estar bem próximos ao chão. Por isso tenha a sabedoria de saber a hora de dar o próximo passo, sem precisar pisar na cabeça de ninguém.
Hoje vamos abordar a lei que evidencia que quando você é a parte mais fraca num desafio, nada de bom ocorrerá nessa disputa, haja vista que ninguém ajuda os fracos, que esse esforço, na maioria das vezes, será em vão. Essa lei defende que os fracos sempre estarão sozinhos ou em minoria, sendo mais prudente a entrega ou mesmo uma desistência, mesmo que apenas aparente.
A fraqueza de alguém jamais será um pecado. As vezes se fingir de morto é o melhor caminho na busca dos objetivos. Quando você se rende, você poderá tirar o foco do oponente. Quando você tem tempo para agir a seu favor, desperta a complacência do inimigo, dá tempo para a recuperação necessária, tempo para minar o adversário, tudo isso de forma sútil e sem evidenciar suas reais intenções. Não perca seu tempo em disputas desleais, em busca de reconhecimento vazio ou mesmo numa batalha onde jamais sairá vencedor.
Hoje vamos tratar da vigésima segunda lei do poder e avaliar seus impactos nos princípios éticos e morais de nossa sociedade.
Lei 22: Use a tática da rendição – transforme a fraqueza em poder
Se você é mais fraco, não lute por uma questão de honra; é preferível se render. Rendendo-se, você tem tempo para se recuperar, tempo para atormentar e irritar seu conquistador, tempo para esperar que ele perca o poder. Não lhe dê a satisfação de lutar e derrotar você – renda-se antes. Oferecendo a outra face, você enraivece e desequilibra. Faça da rendição um instrumento de poder.
A Lei 22 trata de estratégias usando “Táticas do Surrealismo”, desorganizando a realidade pela total desorientação. Essa lei sugere que, em certas circunstâncias, a melhor maneira de obter poder é desorientar as pessoas ou desorganizar a realidade em que vivem. Trazendo isso para um cenário mais compreensível, basta olharmos as guerras constantes entre fortes e fracos e observar que quando o “improvável” acontece, algumas características na história são comuns, por exemplo: a de recuar para atacar; a de ouvir muito para só depois se posicionar e a de observar as movimentações para agir de forma assertiva.
A desorganização da realidade, pode ser feita de várias maneiras, como usar a linguagem de forma ambígua, criar situações inesperadas e desconcertantes, ou simplesmente agir de maneiras completamente diferentes do que as pessoas esperam. O objetivo é criar uma sensação de confusão e incerteza que faz com que as pessoas se sintam perdidas e vulneráveis, e, portanto, mais dispostas a seguir a liderança de quem parece ter controle da situação.
É importante observarmos que a grande maioria dos fracos, dificilmente percebem o momento de render-se e escolhem virar mártir no tumulo, ao invés de ser um vitorioso estrategista.
É preciso entender que um dos grandes problemas no mundo, no que tange o poder, são as reações exageradas aos movimentos e aos cenários. Esses exageros tiram completamente a nossa razão, criam dificuldades, muitas vezes instransponíveis, e que poderiam ter sida evitadas, caso fossemos mais sensatos e contássemos até dez antes de agir.
O instinto humano é sempre reagir. Não paramos para pensar nas consequências dos nossos atos. Quando alguém lhe der um empurrão, ceda e de a outra face para bater, curve-se e aí você verá, em pleno funcionamento, o poder da humildade e da resiliência, deixando todos confusos. Na realidade o que aconteceu é que é que você passou a conduzir a situação, já que isso faz parte de um plano maior, onde a aparente derrota faz parte da estratégia.
Essa lei trabalha o nosso íntimo, mostrando que estamos firmes por dentro, mantendo nossos propósitos, mas por fora e para os adversários é como se você inclinasse e se subjugasse aos desejos alheios.
Os adversários terão reações muito menos violentas do que se você mantivesse a rota de colisão, ou seja, quando existe a rendição de alguma forma alguns escudos são baixados e isso facilita a retomada do comando.
Estamos confirmando que é melhor se render do que brigar com um adversário mais forte e que tem tudo para impor uma derrota a você. Sempre a rendição será melhor do que a fuga por covardia. O que parece uma salvação momentânea, pode ser a maior das derrotas.
Embora essa lei possa parecer manipuladora, ela é baseada em uma compreensão profunda da psicologia humana e pode ser aplicada de forma ética e construtiva. Por exemplo, pode ser usada para desafiar as expectativas e tradições obsoletas e criar formas inovadoras de pensar e agir.
No caso de quem trabalha e lidera equipes, é fundamental que a “Zona de conforto” não seja uma opção. O desconforto constante, os desafios diários, a necessidade de respostas rápidas, mas focadas em resultados, fazem desse ambiente um ambiente salutar e preparado para o crescimento, pois todas as rendições terão como principal objetivo o resultado de todos e não apenas de uma pequena minoria.
No entanto, é importante lembrar que usar essa lei indiscriminadamente pode ter consequências negativas e alienar as pessoas. Portanto, é importante equilibrá-la com outras habilidades de liderança, como a empatia e a comunicação clara e honesta.
Outro ponto que temos que observar com uso dessa lei é que ambientes onde predomina o medo são fontes de proliferação de sabotadores de projetos, enquanto os que são tomados pelo respeito e meritocracia, criam seguidores, admiradores e fãs de um projeto inclusivo e sem surpresas para ninguém.
Fechando esse nosso vigésimo segundo artigo sobre as 48 LEIS DO PODER faria apenas algumas adaptações, baseadas nos argumentos acima apresentados:
Ceda quando necessário – transforme a aparente fraqueza em fortaleza
Se você é mais fraco, trabalhe para corrigir as fragilidades a médio e longo prazo. Não lute por lutar, não faça de suas brigas uma questão de honra. Mergulhe para ter forças para subir e encher os pulmões. Não sinta vergonha de recuar para atacar com mais precisão. Ouça mais e daí crie um posicionamento coerente. Observe as movimentações para agir de forma assertiva. A rendição pensando é a forma mais correta de demonstrar a humildade e resiliência, além de ser o melhor atalho para uma vitória da inteligência e não da força.
Por: Weber Negreiros