Cultura

Pais devem ficar atentos se respiração bucal em crianças é psicológica

A respiração bucal pode ser causada por uma obstrução das vias aéreas superiores ou por um hábito que faz com que a passagem do ar se faça pela boca

Os problemas relacionados com a respiração bucal são vários e possuem diversas consequências na saúde humana. Quando presente na fase de crescimento e desenvolvimento da criança, pode interferir no humor, fala e audição.

De acordo com a fonoaudióloga Evania Costa, os pais devem ficar atentos se a causa é por aspectos cognitivos e psicossociais. Considerada um desvio no processo fisiológico da respiração, a síndrome multifatorial necessita, para o êxito de seu tratamento, do diagnóstico precoce e atuação de profissionais especializados.

Segundo ela, crianças com respiração nasal melhoram sua postura com o crescimento, enquanto que crianças com respiração bucal mantêm um padrão corporal desorganizado, semelhante ao de crianças mais novas.

“Após diagnosticada a respiração bucal, é indispensável que se façam investigações sobre o desenvolvimento emocional e escolar das crianças e se avalie as relações familiares e laborativas dos adultos, porque muitas vezes o hábito de se respirar pela boca pode ser psicológico”, explica.

Segundo a especialista, duas condições podem interferir no desenvolvimento psicológico dos pacientes respiradores bucais, inclusive no processo de aprendizagem e nas relações com o ambiente familiar e de trabalho.

Em primeiro lugar estão as alterações do sono. O respirador bucal não dorme bem, tem sono leve, entrecortado e consequentemente agitado. Frequentemente se associam roncos e apnéia do sono.

“O paciente passa a conviver com sonolência diurna, que provoca nas crianças diminuição da capacidade de concentração e de aprendizagem, com agitação psicomotora”, disse.

Nos adultos, os problemas do sono podem provocar cansaço, indisposição física e diminuição da produtividade no trabalho. “Nestas situações se recomenda cuidado no manejo de máquinas e na direção de veículos automotores”.

Em segundo lugar está a diminuição crônica de oxigenação que pode levar o comprometimento da memória e do humor do paciente.

“Todas essas alterações podem interferir no comportamento do respirador bucal e contribuir para a diminuição de sua autoestima, tornando-o arredio, desconfiado e solitário. Além disso, respirar pela boca pode causar problemas de fala devido às alterações funcionais dos grupos musculares responsáveis por essas funções”, ressalta a médica.

A má respiração ainda pode provocar alterações nas tubas auditivas desses pacientes, levando à diminuição da audição, atrapalhando a aquisição e o desenvolvimento da linguagem, dificultando o crescimento intelectual.

“Quando a tensão é aplicada nos músculos hipotônicos do crânio e da face, a dor muscular resultante recebe o nome de cefaleia; e dor de cabeça é uma queixa comum entre os respiradores bucais. Por fim, uma musculatura pouco desenvolvida não suporta tensão maior resultando em dor muscular.