Polícia

DGH vai concluir investigações até sexta e pedir novas prisões à Justiça

Duas suspeitas já estão presas e duas continuam foragidas da Justiça

A Delegacia-Geral de Homicídios (DGH) tem até sexta-feira, 22, para concluir a investigação sobre o duplo homicídio praticado contra as jovens Áreli Dayane Cardoso de Oliveira, 19 anos, e Rayane Silva Pereira, de 25 anos, na região do Anel Viário, na madrugada do último dia 12. Em entrevista exclusiva à Folha, na tarde de ontem, 19, a delegada titular em exercício da DGH, Miriam Di Manso, esclareceu as ações que serão desencadeadas até o fim desta semana.

Conforme a autoridade policial, na próxima sexta-feira, mais duas pessoas envolvidas nos crimes terão o pedido de prisão representado junto à Justiça. “Temos outras duas pessoas identificadas. Uma delas foi identificada por meio de imagens. As prisões serão formalmente pedidas quando concluirmos a investigação na sexta-feira”, explicou Di Manso.

Dos cinco mandados de prisão expedidos na semana passada, três já foram cumpridos, mas um dos identificados foi liberado pela Justiça, uma vez que o jovem apontado por uma das autoras do crime apresentou provas de que não estaria com o bando na noite das execuções. Ele teria sido acusado indevidamente. A adolescente, que seria namorada do jovem preso, foi conduzida à Delegacia para oitiva na tarde de ontem, a fim de que a delegada descubra se ela teve, de fato, participação nas mortes.

Quando questionada a razão pela qual algumas prisões foram pedidas e outras não, a titular da DGH disse que, na formalização da representação, pediu cinco prisões preventivas de indivíduos identificados no primeiro momento, a partir das duas confissões e aproveitando os dois depoimentos, qualificou outras três pessoas que as próprias autoras confessas haviam identificado. A busca e apreensão da adolescente foi pedida, no entanto, a Justiça não concordou com a apreensão da menor, concedendo somente os mandados de prisão. “As outras pessoas não haviam sido identificadas até o momento daquela representação. Foram identificadas depois. Então, o pedido de prisão vai ser feito posteriormente”, ressaltou a delegada.

No que se refere ao fato das foragidas Nelciane Pereira de Andrade, 25 anos, e Ana Caroline Gomes Pereira, de 22 anos, ainda não terem sido localizadas e presas, a DGH não descarta a possibilidade de elas terem fugido para a Guiana, para a Venezuela ou para Manaus, mas também acredita que elas possam estar no interior do Estado ou escondidas na Capital, em local que a polícia ainda não tomou conhecimento.

Quanto à identificação dos veículos que transportaram as vítimas do cativeiro ao Anel Viário, a Polícia Civil revelou que os dados dos automóveis, como as placas, não estão nos Autos. Apesar de não terem sido devidamente identificados, sabe-se que foram dois veículos, um da marca Renault, modelo Sandero, cor prata, quatro portas, e o outro um Gol, cor preta, também quatro portas, embora este último não apareça nas imagens.

PRAZOS – Miriam Di Manso salientou que a DGH vai concluir as investigações até o dia 22, uma vez que o Código de Processo Penal (CPP) estabelece prazos. Quando se instauram os autos do inquérito policial, tem-se 30 dias para concluir as diligências. “Quando isso não é possível, encaminham-se os autos à Justiça, quando então são cadastrados no Projudi [Processo Judicial Digital], e solicita-se a dilação do prazo. Quando o réu está preso, tem-se 10 dias para concluir. Quando tem alguém preso é porque a autoria está praticamente definida. Portanto, são 10 dias quando o réu está preso e 30 dias quando não há prisão”, reforçou.

A meta é terminar as investigações no prazo de 10 dias porque o mandado de prisão de Kathely Mariane da Silva Rabelo, de 18 anos, conhecida vulgarmente como “Viúva Negra” ou “Fernanda”, foi cumprido dia 14 e o prazo de 10 dias transcorre desde então. “A partir do cumprimento desse mandado de prisão, a DGH tem 10 dias para concluir a investigação por inteiro. Até lá, vamos identificar os demais autores. Cumprir os mandados não é necessariamente uma incumbência da Polícia Civil. À Polícia Civil cabe demonstrar a materialidade e definir a autoria dos crimes. A materialidade foi provada com os corpos que foram achados. E as autorias foram já praticamente todas definidas”, frisou Di Manso.

O não cumprimento dos mandados não impede a conclusão da investigação, segundo a Polícia, porque neste caso, os acusados ficam na condição de foragidos enquanto o mandado judicial estiver em aberto.

VÍTIMAS EM POTENCIAL – De acordo com o levantamento feito pela DGH, as duas jovens assassinadas seriam usuárias de drogas e, mesmo sem confirmação de que elas seriam integrantes de uma facção criminosa, poderiam ter sido mortas somente porque faziam uso de entorpecentes.

“É como se colocássemos as vítimas como corresponsáveis pelas próprias mortes. Elas podiam até não ser integrantes de organização criminosa, como os pais disseram que elas não eram, mas estamos falando de duas pessoas que assumidamente eram usuárias de drogas. Hoje em dia, quem compra droga, compra de gente diretamente ligada às organizações criminosas, que dominam o tráfico de drogas na cidade”, revelou Miriam Di Manso.

Para a Polícia, os simples usuários de drogas, que compram entorpecentes aleatoriamente, cada dia de um fornecedor diferente, quando visto em determinada “boca de fumo” por alguém da facção rival, pode ser visto como alguém que tenha relação com o bando contrário, passando a ser alvo de futuras mortes.

“Eu digo que as pessoas de bem não têm com o que se preocupar, pois os homicídios têm sido praticados contra usuários de droga e pessoas relacionadas direta ou indiretamente com as organizações criminosas. Os homicídios estão diretamente ligados à droga. Se você acha que não corre risco porque é só usuário, ledo engano. Se você conhece hoje um usuário de droga, mantenha-se afastado dele, mesmo que seja seu melhor amigo de infância, porque também passa a ser alvo dos criminosos pelo simples fato de andarem juntos. O usuário não é vítima. Ele é quem diretamente alimenta o tráfico de drogas, então ele é tão responsável quanto o traficante. E atualmente não existe o traficante que não é associado a uma dessas organizações criminosas. O usuário potencialmente é alguém que vai ser morto por ordem de determinada organização criminosa”, alertou a delegada. (J.B)