Após publicação na coluna Parabólica de denúncia de suposto trabalho análogo à escravidão na área do Jockey Club de Roraima, localizado na zona Oeste da capital, a Folha esteve no local para apurar as informações. A acusação também foi protocolada junto ao Ministério Público do Trabalho, que confirmou que apura o caso, mas que apenas posteriormente tornará pública as informações.
De acordo com as denúncias, as corridas de cavalo e vaquejadas não são mais realizadas no Jockey Club, mas as baias e paddock’s permanecem servindo de abrigo para os cavalos, que ficam ali sendo “tratados” e eventualmente são levados pelos proprietários para participarem de disputas nos municípios do interior do Estado. Para reduzir o custo de manutenção dos animais, muitos deles de raças valiosas, os proprietários expõem famílias inteiras, inclusive adolescentes e crianças, a trabalhos degradantes.
Os trabalhadores chegam a dividir o mesmo espaço diariamente com os cavalos, sem instalações sanitárias e de higiene, local adequado para dormir ou fazer as refeições. Por conta disso, há muitas moscas e demais insetos na área.
Essas pessoas também não teriam carteira assinada e estariam sendo remuneradas com valores bem inferiores a um salário mínimo e carga horária excessiva. A Folha apurou que há inclusive menores de idade contratados para alimentar e passear com os animais por alguns reais mensais.
Situação semelhante ocorre em casas no entorno do Jockey Club, onde famílias alugam baias improvisadas no quintal. Esses conseguem receber um pouco mais pelo serviço, e cobram, em média, R$ 400 por mês para cuidar de cada animal.
Nos terrenos baldios próximos ao Jockey, cavalos e até vacas pastam livremente. No local também há diversas casas identificadas como haras na fachada, com baias no quintal e animais presos.
O Jockey Club foi interditado pela justiça há quase um ano, por irregularidades sanitárias, de saúde e de segurança para a população, mas os animais ainda não foram retirados do local pelos seus proprietários.
A administração do Jockey Club informou que está trabalhando para transferir as instalações para outro local fora da área urbana da cidade, atendendo a todas recomendações sanitárias, e que não tem responsabilidade sobre os animais mantidos no local, bem com pelas pessoas contratadas para cuidá-los.
