Cotidiano

Violência faz comércio fechar na cidade de Santa Elena de Uairén

Os constantes casos de violência contra venezuelanos e turistas brasileiros motivaram os empresários a fecharem as portas

Na cidade venezuelana de Santa Elena de Uairén, Norte do Estado, fronteira com o Município de Pacaraima, iniciaram ontem uma série de manifestações devido à onda de violência vivida pelos moradores e turistas. O estopim para o protesto foi a morte de um comerciante, que foi baleado no dia 31 de dezembro e morreu no sábado, 03 de janeiro.
Comércios não abriram as portas e os postos de combustíveis pararam de funcionar. Apenas o posto de combustível internacional está funcionando.
A população realizou uma audiência pública para discutir o problema e exigir maior atuação da Guarda Nacional e da polícia venezuelana. Estiveram presentes autoridades municipais e os comandantes da Guarda e do Exército. O prefeito Manuel de Jesus Vallez marcou uma reunião com as autoridades para a próxima quinta feira, dia 8.
Após a audiência, por volta do meio-dia, manifestantes fizeram passeata pelas principais ruas da cidade e chegaram até a ponte da comunidade Wara, na saída de Santa Elena, bloqueando o acesso pela Troncal 10, estrada que liga Santa Elena a outras cidades do país.
Turistas venezuelanos e brasileiros esperam do outro lado para poder entrar na cidade, porém, os manifestantes disseram que o bloqueio durará no mínimo 24 horas, já que eles alegam ser esta a única forma de serem ouvidos pela imprensa venezuelana e repercutir de alguma forma na situação de falta de segurança. A travessia na fronteira está sendo a pé para quem arrisca deixar o carro do outro lado do bloqueio.
Os manifestantes estão exigindo respostas das autoridades e prisão dos responsáveis pelos crimes, além de um plano sério de segurança. A empresária Mônica Cueva explicou que as manifestações somente terminarão quando a população tiver respostas dos órgãos de segurança pública. “São inúmeros os roubos, muitos deles têm envolvimento daqueles que deveriam cuidar da nossa segurança. Estamos unidos, hoje foi o ‘Turco’ [como a vítima era conhecida], amanhã pode ser qualquer um de nós”.
O comerciante Tomás Enrique Pérez disse que esperam que as autoridades prestem mais atenção nos roubos e parem “com tanta trapaça e extorsão”. “Os guardas nacionais não prestam o serviço que deveriam, fazem negócios com a gasolina e apreendem alimentos que as pessoas compram com esforço, já que tem muita escassez”, denunciou.
Casos de violência têm sido constantes
Uma série de roubos à mão armada vem sendo realizados na cidade fronteiriça de Santa Elena no último mês, fatos que não ocorriam na cidade, que era considerada “tranquila”, onde as pessoas podiam dormir com as portas das casas abertas e deixar os carros com as chaves na ignição.
O empresário Saleh Saman, de nacionalidade estrangeira, foi atacado por bandidos armados para roubar o pequeno mercado de sua propriedade. Ele foi baleado e acabou falecendo no hospital. Um cambista foi assaltado no centro da cidade e vários brasileiros têm sido vítimas de ladrões nas ruas. Até no hospital de Santa Elena os bandidos entraram para roubar.
No domingo, motorizados armados atacaram e roubaram os turistas que estavam na Vila El Pauji, um lugar de belezas naturais a 70 quilômetros de Santa Elena.
A fronteira está cheia de turistas de todas as cidades da Venezuela, que costumam visitar a Gran Sabana nesta época do ano, além de muitos brasileiros que estão atravessando para ir às praias venezuelanas. A manifestação tem atrapalhado o grande movimento de turistas na região.