Cotidiano

Mesmo com acampamento, pais não conseguem matrículas para os filhos

Período de matrículas nas escolas da rede estadual de ensino seguem até esta sexta-feira, 5

O período de matrículas em 59 escolas estaduais em Boa Vista iniciou ontem, 2. Segundo a Secretaria de Estado de Educação e Desporto (Seed), são ofertadas mais de 7 mil vagas. No entanto, diversos pais reclamam de não ter conseguido matricular os filhos na escola desejada.

Por mais de uma semana, em diversas regiões da Capital, muitos pais acamparam em frente a escolas para conseguir matricular seus filhos em escolas próximas de seus lares ou consideradas como de melhor ensino, porém, para muitos, a medida não deu resultados positivos.

Na Escola Estadual Professora Wanda David de Aguiar, localizada na Avenida Estrela D’alva, no bairro Raiar do Sol, uma das escolas militarizadas recentemente, mães lamentavam por não ter conseguido vaga. “Eu estava com a cadeira acorrentada na frente da escola, esperando há quase uma semana e não consegui uma ficha para matricular minha filha”, contou uma moradora do bairro Raiar do Sol, que pediu para não ser identificada.

A moradora relatou que a direção da escola se negou a fazer qualquer tipo de documentação para que tentasse uma vaga em outra escola próxima de sua residência. “Pedi uma documentação do diretor pra confirmar que não tinha vaga, mas ele se recusou a dar, além disso, eles não orientaram a gente para procurar em outra escola ou se vão tentar inserir os alunos em uma unidade mais próxima”, comentou.

A mãe de uma criança de 11 anos contou que esperou por dias pela liberação das fichas, mas não conseguiu matricular o filho. “Eu tinha ciência que iria conseguir uma ficha, mas não houve organização na hora da entrega e eu acabei não conseguindo”, lamentou. “Agora fica difícil pra gente conseguir em outra escola mais distante. Além disso, não temos condições de pagar transporte, o que complica a situação”, acrescentou.

Grávida de sete meses, Dalci Silva tentou ficha para matricular seu filho de 11 anos no 6º ano do Ensino Fundamental, mas também não conseguiu. “Eu creio que tenho prioridade. Disse para eles que moro aqui perto da escola, mas não foram sensíveis comigo. Não estou em condições de estar procurando vagas em outras escolas distantes”, lamentou.

No centro da Capital, na Escola Estadual Lobo D’almada, a equipe de reportagem da Folha flagrou uma mãe, de 45 anos, aos prantos por não ter conseguido matricular o filho de 15 anos no 1ª ano do Ensino Médio. “Eu me desloquei do interior pra tentar matricular meu filho aqui, mas não consegui. Eles pegaram meu número e vão ver o que fazem por mim”, afirmou.

Procurada pela Folha, a Secretaria Estadual de Educação esclareceu que, após o encerramento das matrículas, nesta sexta-feira, 5, será iniciado o trabalho da Central de Matrículas, de 15 a 19 de janeiro, para os pais que por algum motivo não encontrem vaga na escola desejada.

A diretora do Departamento e Educação Básica da Secretaria Estadual de Educação, Graciela Ziebert, informou que serão ofertadas vagas suficientes para atender a demanda da Capital. “Por conta da capacidade de cada escola e da quantidade de alunos em determinados bairros, nem sempre as vagas serão suficientes. Caso os pais não consigam vaga na escola que desejam, a Central de Matrículas fará um mapeamento para inserir esse aluno em uma escola mais próxima”, esclareceu.

Conforme a Seed, a procura este ano em algumas escolas da Capital aumentou devido ao sistema militarizado que será implantado nessas escolas brevemente. (E.M)

Oito escolas militarizadas serão implantadas na Capital

Para o ano letivo 2018, 15 escolas estaduais adotaram o ensino militarizado, sendo oito em Boa Vista e sete nos municípios do interior do Estado. A Secretaria Estadual de Educação espera, com essa medida, beneficiar mais de 10 mil alunos na Capital e interior do Estado. O ingresso nas escolas militarizadas será por meio de matrícula na própria unidade de ensino. Caso a demanda seja maior que o número de vagas disponíveis, haverá sorteio.

As escolas estaduais da Capital que receberão o método de ensino a partir do próximo ano letivo de 2018 são: Jaceguai Reis Cunha, no bairro Asa Branca; Luiz Ribeiro de Lima, no Jardim Equatorial; Maria de Lourdes Neves, no Pintolândia; Maria dos Prazeres Mota, no Santa Tereza; Maria Nilce Brandão, no Cauamé; Pedro Elias, no Jóquei Clube; Professora Conceição Costa e Silva, no Senador Hélio Campos; e Professora Wanda David Aguiar, no Raiar do Sol.

No interior, seis municípios terão escolas militarizadas: Maria Mariselma, em Mujacaí; João Rogério, em Caracaraí; Antonia Tavares Silva, em Rorainópolis; Ten. João Alcântara da Cruz, em Nova Colina, distrito de Rorainópolis; Cicero Vieira Neto, em Pacaraima; Aldebaro José Alcântara, em Bofim; e Desembargador Sadoc Pereira, em Alto Alegre.