O Brasil é o país com maior número de assassinatos da população LGBTQIA+ no mundo. De acordo com o Grupo Gay da Bahia (GGB), ocorre uma morte a cada 29 horas, porém o número real deve ser ainda maior. Para além do desafio da sobrevivência, a busca por emprego e inserção no mercado de trabalho também é cheia de obstáculos para esta comunidade.
Dados da Coqual revelam que 33% das empresas existentes no Brasil não contratariam pessoas LGBTQIA+ para cargos de chefia, e 41% dos funcionários LGBTQIA+ afirmam já terem sofrido algum tipo de discriminação em razão de sua orientação sexual ou identidade de gênero no ambiente de trabalho.
Em consonância com os dados da Coqual, informações levantadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), revelam que apenas 13,9% de mulheres trans e travestis possuíam empregos formais. A baixa empregabilidade, junto ao alto índice de agressões e assassinatos de pessoas LGBTQIA+ no Brasil, instituem, em nosso país, um ambiente hostil para a sobrevivência dessa comunidade.
Nadando contra a correnteza, iniciativas como a Todxs, que promove a inclusão de pessoas LGBTIQIA+ na sociedade com iniciativas de formação de lideranças, pesquisa, conscientização e segurança, tentam minimizar os efeitos dessa onda histórica de preconceito e intolerância.
Em Roraima, jovens LGBTQIA+ estão tendo a oportunidade de inserção no mercado de trabalho por meio de iniciativas como a da empresária Raquel Murielly, que qualifica pessoas da comunidade para trabalhar na área de beleza.
De acordo com Raquel, muitos foram os desafios para alcançar seu objetivo. Ela relata que o preconceito esteve presente em todas as etapas de sua jornada, desde a sua qualificação até a busca por posições de trabalho.
“Pra que chegar até aqui é complicado. Eles cobram mais caro pra você, pra te desmotivar. Parece que tentam dificultar até nossa chegada e não admitem que nós sejamos os empregadores. O que sobra pra nós são só os empregos pequenos. Como se esse fosse o único lugar que pudéssemos ocupar. Tem jovens por aí que só recebem portas fechadas e por que eu não posso ensinar essas pessoas? Passar esse conhecimento e oportunizar uma mudança de vida. Isso é muito gratificante”, contou.
Raquel explica que a situação sofrida pela comunidade LGBTQIA+ supera a questão da empregabilidade e entra na esfera da sobrevivência.
“É muito fácil você oferecer um curso sem saber como o seu público está. As vezes a pessoa não tem como vir ou não tem nem o que comer porque a realidade é que muitos estão na rua. Muitos foram expulsos de casa. É meu interesse acolher essa pessoa. Ter certeza como ela está. Não é um caso aqui e e ali. A maioria está nessa situação”.
Conheça a história de Raquel e como ela tem contribuído para sua comunidade assistindo ao minidocumentário Histórias de Resistência, produzido pela Folha.
DIA DO ORGULHO – O Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ foi criado em 28 de junho mas é celebrado durante todo o mês, anualmente. A data foi criada para conscientizar e reforçar a importância do respeito, da promoção de equidade social e profissional.
SOBRE O PROJETO – Pessoas interessadas em participar ou contribuir com o projeto de Raquel, podem entrar em contato direto com ela, pelo número (95) 99164-1457.