* Matéria atualizada às 11h48 com a resposta do Exército Brasileiro
Lideranças indígenas Yanomami e Ye’kwana publicaram nota de repúdio em que criticam a sobrevoo feito pela comitiva organizada pelo Ministério da Defesa à Terra Yanomami nessa terça-feira (27). O documento foi publicado no fim da noite de ontem.
“Queremos deixar claro que para qualquer entrada a TI, o governo necessita consultar as lideranças locais e lideranças das associações Yanomami, de acordo com o nosso documento do Protocolo de Consulta dos Povos Yanomami e Ye’kwana. Chega de comitivas na nossa terra, queremos desintrusão do garimpo ilegal!”, afirmam as lideranças em nota.
Os indígenas afirmam ainda que aproximadamente 10 mil garimpeiros ainda continuam no território Yanomami, trabalhando de forma escondida, no período da noite, com novas estratégias para burlar as operações. Ainda presenciamos movimentações de aviões, helicópteros e barcos subindo e descendo os nossos rios. As lideranças relatam também que os pelotões do Exército Brasileiro que atuam no território indígena não se envolvem e nem dão apoio as operações e não colaboram no combate ao garimpo ilegal.
“O garimpo não acabou, então não podemos dizer que o nosso território está protegido, com segurança e o governo federal tem conhecimento, as autoridades sabem disso. Continuamos sofrendo!”, complementam as lideranças.
Em nota, o Exército Brasileiro afirmou que, no que se refere ao combate ao garimpo ilegal, as ações das Forças Armadas, em coordenação com as agências, possibilitaram a apreensão ou destruição de materiais, gerando um prejuízo de aproximadamente 31 milhões de reais, incluindo aeronaves, embarcações, armamentos, munições , geradores e balsas.
“Verifica-se assim, o trabalho eficiente e dedicado das Forças Armadas no combate ao garimpo ilegal e aos crimes transfronteiriços, ao mesmo tempo que a operação na TI Yanomami apresenta um dos maiores esforços aéreos de sua história no contexto da ajuda humanitária aos indígenas, já superando mais de mil lançamentos de cestas de alimentos em proveito da operação”, complementa a força armadaem nota
O Exército afirma ainda que o 4º Pelotão Especial de Fronteira, de SURUCUCU, e o 5º Pelotão Especial de Fronteira, AUARIS, de janeiro do corrente ano até a presente data foram responsáveis por 37 atendimentos médicos e 18 atendimentos odontológicos de indígenas, além de serem bases fundamentais para a distribuição de mais de 24 mil cestas que contribuíram para o combate à fome das comunidades indígenas da Terra Indígena Yanomami.
Atuação de garimpeiros
A Hutukara Associação Yanomami (HAY) já havia afirmado anteriormente que garimpeiros continuam atuando dentro do território, mesmo com diminuição da atividade, apesar de a Polícia Federal ter apontado que os alertas de garimpeiro na Terra Yanomami zeraram em.
“Pelo tamanho da destruição da floresta, com anos de invasão e desmatamento, destacamos que é precipitado afirmar que, em menos de seis, os dados de desmatamento zeraram. Esses dados não correspondem com a realidade que vivemos na Terra Yanomami porque a invasão do garimpo não acabou”