SAÚDE

COVID-19: Por que doença é leve para alguns e mortal para outros?

Resposta pode estar em características genéticas, de acordo com um novo estudo dos Emirados Árabes Unidos.

Pesquisadores ainda procuram entender gravidade da doença em diferentes pessoas. Foto: Getty Images
Pesquisadores ainda procuram entender gravidade da doença em diferentes pessoas. Foto: Getty Images

Desde o início da pandemia de Covid-19, em dezembro de 2019, pesquiadores buscam entender os diferentes impactos ao organismo humano causados da infecção pelo coronavírus. A doença de transmissão respiratória se tornou um enigma de sintomas e danos que transcendem o sistema respiratório e atingem outras partes do organismo.

Já é sabido que a vacinação previne o desenvolvimento de quadros graves e diminui os riscos de complicações e de morte. Mesmo com a distribuição dos imunizantes em escala global, cientistas ainda procuram entender por que algumas pessoas sofrem apenas casos leves, permanecendo assintomáticas ou com sintomas gripais, enquanto outras desenvolvem quadros graves e até mesmo morrem?

Uma das respostas pode estar em características genéticas, de acordo com um novo estudo conduzido por pesquisadores da NYU (Universidade de Nova York) em Abu Dhabi. Os pesquisadores analisaram a associação entre uma classe de pequenas moléculas de RNA que regulam genes (ou microRNAs) e a gravidade da Covid-19 entre 259 pacientes não vacinados de Abu Dhabi.

A pesquisa, liderada pelo professor associado de biologia Youssef Idaghdour, contou com a colaboração de médicos de vários hospitais da capital dos Emirados Árabes Unidos. Foram identificados microRNAs associados a uma resposta imune enfraquecida e à internação em unidades de terapia intensiva (UTIs).

Os especialistas detectaram alterações presentes nessas pequenas moléculas nos estágios iniciais da infecção que estão associados a características específicas do sangue e à morte das células imunológicas, permitindo que o vírus escape do sistema imunológico e se prolifere.

Os resultados do estudo demonstram que a composição genética de um paciente afeta a função imunológica e a gravidade da doença. Para os pesquisadores, os dados oferecem novos insights sobre como o prognóstico e o tratamento do paciente podem ser melhorados.

“Essas descobertas melhoram nossa compreensão de por que alguns pacientes resistem melhor à Covid-19 do que outros. Este estudo demonstra que os microRNAs são biomarcadores promissores para a gravidade da doença, de forma mais ampla, e alvos para intervenções terapêuticas”, afirma Idaghdour, em comunicado.

Os resultados do estudo foram publicados no periódico científico Human Genomics. No artigo, a equipe de pesquisa apresenta a análise de vários conjuntos de dados, incluindo marcadores genéticos, de pacientes no momento de admissão hospitalar, combinados informações de registros eletrônicos de saúde.

Os pesquisadores analisaram 62 variáveis clínicas e níveis de expressão de 632 microRNAs medidos na admissão hospitalar, bem como identificaram 97 delas associadas a oito marcadores sanguíneos significativamente associados à admissão na UTI.

“Os métodos deste estudo podem ser aplicados a outras populações para aprofundar nossa compreensão de como a regulação genética pode servir como um mecanismo central que afeta a Covid-19 e, potencialmente, a gravidade de outras infecções”, diz o pesquisador.