JESSÉ SOUZA

A força da natureza e a omissão das autoridades com a situação das estradas

Vicinal do Paredão, em Alto Alegre, é apenas um exemplo do abandono das estradas por parte das autoridades, onde os produtores rurais estão há três anos padecendo no atoleiro, assim como ocorre em outras regiões

Não há dúvidas de que o inverno deste ano está sendo muito rigoroso, surpreendendo as previsões dos especialistas. No entanto, isso não significa que todos os problemas enfrentados principalmente com relação a estradas devem ser creditados exclusivamente na conta da força da natureza. Os políticos têm muita culpa por tudo o que está ocorrendo.  

Um exemplo é a região do Paredão, no Município de Alto Alegre, onde os produtores rurais estão há três anos padecendo no atoleiro e no abandono por parte das autoridades. Três anos! Significa que não houve nenhum interesse dos gestores em todos os níveis de governo em resolver o problema da estrada.

Com as fortes chuvas, a situação da Vicinal do Paredão se tornou crítica, com os pecuaristas sem poder transportar o gado e sem os agricultores conseguirem escoar sua produção, que está estragando em suas propriedades. Prejuízos incalculáveis. O cenário se repete em quase todas as regiões onde estão os pequenos produtores.

Mas não são apenas os produtores que estão comendo o pão que o diabo amassou. A situação crítica da BR-174 nos trechos sul e norte coloca todos no mesmo barco do desespero. O trecho norte, a partir do Km 55 até o Km 73, está saindo da condição de cratera para a situação de atoleiro.

A propósito, os três venezuelanos que estavam tapando buracos com piçarra, em troca de qualquer contribuição em dinheiro, sumiram de lá. Ou foram retirados (conforme esta Coluna chegou a especular que ocorreria) ou desistiram do trabalho duro, pois eles faziam o serviço de tapar buraco com pá e carro de mão.

Coincidentemente, a empresa contratada pelo governo para a recuperação da RR-203, que dá acesso à Serra do Tepequém, reapareceu tapando os buracos com barro e instalando placas de sinalização e educativas. A obra naquela rodovia tornou-se um suplício, pois o serviço ficou inacabado e onde foi colocado asfalto novo os buracos já estão começando a aparecer.

Continuando a respeito do trecho norte da 174, a buraqueira também só aumenta em direção a Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, provocando inclusive acidentes, como o que ocorreu ontem pela manhã, quando uma Van de transporte intermunicipal capotou com passageiros. Não houve feridos graves. Não foi o primeiro caso, e a situação da estrada indica que não será o último, infelizmente.

Este é o quadro da realidade de um Estado que prega investimento em estradas, com fartos institucionais, mas larga os pequenos e médios produtores em uma situação crítica. Somente o cenário de penúria a que chegou a BR-174, a mais importante rodovia de Roraima, já serve de atestado de como os políticos tratam o povo roraimense. O povo realmente tem os políticos que merece.  

*Colunista

[email protected]