Mesmo parecendo mais prático, engolir um comprimido – por menor que ele seja – sem a ajuda de um líquido pode causar severos danos ao seu organismo. A Folha BV conversou com a presidente do Conselho Regional de Farmácia em Roraima (CRF-RR), Bianca Crispim, sobre o assunto.
Para entender melhor, a especialista destacou que o papel da água na hora de ingerir a medicação é levar o remédio até o seu sítio de ação, ou seja, onde ele precisa ser absorvido.
A sensação de ter algo preso quando tomamos remédio pode ser devido a um alojamento do medicamento, que sem a ajuda do líquido, não conseguiu chegar até o destino final.
“Você precisa da água, do líquido para fazer com que o medicamento desça, seja ele em cápsula ou em comprimido. As cápsulas, no momento em que elas se alojam ali, você tem a sensação de um engasgo maior”, disse a especialista.
Caso essa medicação seja absorvida de forma errada, ela pode causar ferimentos. “Se você começa a ter um comprimido que fica todo tempo ali queimando e queimando, vai se tornar uma ferida. E aquela ferida chamada de úlcera que é muito parecida com a afta que você tem na boca. Porém em maior proporção e numa cavidade maior”
Qual a maneira correta?
A água é o líquido mais indicado. “Em 2009, a Anvisa definiu que a bula deve estar escrita de forma que todo paciente pudesse ter acesso e entendimento dela. E na bula diz se você deve tomar com água ou pode tomar ou outros líquidos. Mas na maioria você vai encontrar o quê? Água. Porque a água é neutra e não vai entrar em reação química com nenhum outro componente do comprimido”, afirmou.
Desse modo, a quantidade recomendada é de no mínimo 200 ml, equivalente a um copo descartável.
Então, se você tinha o costume de consumir medicamentos sem beber água, o melhor para sua saúde é parar. “É bem ruim, tem que parar! Por menor que seja o comprimido, ele pode se alojar e você não sentir. Você pode ter um câncer de esôfago e você não vai sentir. Então assim, você ingeriu, ele se alojou, se em algum momento ele conseguiu ser dissolvido, ele vai fazer fazer efeito de uma forma muito fraca, porque ele não chegou no sítio de ação. Mas se ele não se dissolver de forma alguma ele está ali parado, não fez nada. Ele não vai fazer. Não vai não vai ter efeito algum”, destacou a farmacêutica.
Atenção às prescrições e à bula
Pode ser que seu problema seja diferente, e a dificuldade é em engolir o medicamento até mesmo com a água. Para esses casos, a presidente do CRF-RR indica que uma conversa com seu médico seja o ideal.
“Nós não podemos nos automedicar. Então, a partir do momento eu sei que eu tenho alguma dificuldade em tomar comprimido ou cápsula, eu tenho que conversar com o médico. Por quê? Porque a maioria hoje dos medicamentos não tem uma versão líquida. É correto quebrar o medicamento? Não totalmente errado, mas eu posso estar mudando e posso estar contaminando”, disse Bianca.
CAPACITAÇÃO – A presidente do CRF-RR disse à Folha BV que haverá um curso preparatório para farmacêuticos auxiliarem ainda mais pacientes, no momento da aquisição do medicamento.
Serão cerca de 40 profissionais que atenderão em redes de farmácias e Unidades Básicas de Saúde.