Uma das dúvidas mais comuns no consultório quando um paciente diabético está em tratamento é sobre ingerir bebidas alcoólicas ou não. Mas será que nem mesmo na festa de aniversário? Nem na confraternização do trabalho? Estas perguntas acontecem comumente durante as consultas médicas de muitos pacientes diabéticos.
As bebidas alcoólicas, além do álcool, são compostas de carboidratos. No geral, falamos que as bebidas contêm calorias vazias – ou seja, quem ingere bebidas alcoólicas consumindo calorias sem nenhum nutriente, sendo, portanto, um alimento nutricionalmente pobre.
Quando você bebe, o álcool sai do seu estômago rapidamente e ganha a corrente sanguínea, chegando ao fígado. Sabemos que o fígado metaboliza, isto é, consegue desativar, a quantidade de um drink a cada 2 horas em média. Dessa forma, se o consumo for maior que um drink no período de 2 horas, o excesso de álcool permanece na corrente sanguínea e causa seus efeitos, principalmente no cérebro: tontura, desinibição, diminuição da capacidade de raciocínio, euforia”, explica o médico Cesar Penna especialista em Endocrinologia e Metabologia.
No corpo, o excesso de álcool provoca aumento do ritmo dos batimentos cardíacos e da frequência da respiração, problemas de equilíbrio e movimento. E, é claro, se a quantidade de álcool na corrente sanguínea é muito alta, há risco de perda de consciência e parada respiratória, podendo levar até à morte.
O fígado tem várias tarefas essenciais no nosso corpo. Uma delas é controlar os níveis de açúcar na corrente sanguínea. Isto acontece por um processo chamado glicogenólise, que é quando o fígado direciona suas reservas de açúcar para a corrente sanguínea em caso de queda destes níveis no sangue. Também é o fígado o responsável por fabricar glicose quando os níveis do sangue também estão baixos, processo este chamado de gliconeogênese.
“Nos pacientes diabéticos que estão tomando medicações que aumentam a quantidade de insulina no sangue, ou mesmo naqueles diabéticos que aplicam insulina, ao beber álcool, o fígado fica muito ocupado desativando o álcool ingerido, e dessa forma não consegue regular a quantidade de açúcar no sangue de forma correta”, explica.
Segundo ele, o resultado é que as taxas de açúcar no sangue podem cair, levando ao risco de hipoglicemia. “Além disso, um outro problema é que as bebidas alcoólicas são, geralmente, muito calóricas. E calorias a mais são iguais a ganho de peso”.
Segundo o especialista, uma consulta com seu médico pode te ajudar a esclarecer esta dúvida. “Mesmo liberado pelo seu médico, a responsabilidade e a moderação contam sempre em primeiro lugar, porque saúde é um bem muito preciso para ser desperdiçado”, finalizou.
A Sociedade Americana de Diabetes recomenda o consumo de no máximo 1 drink por dia para mulheres e 2 drinks por dia para homens. Mas claro, tudo de forma responsável. As orientações antes do consumo do álcool são:
1) Não beba de estômago vazio e não beba se suas taxas de glicose no sangue estão baixas. Geralmente o consumo de álcool está permitido em níveis de glicemia entre 100 e 140 mg/dL.
2) Beba lentamente e não ultrapasse a quantidade máxima por dia.
3) Enquanto estiver bebendo, sempre beba água junto, para manter sua hidratação.
4) Sintomas de hipoglicemia e intoxicação por álcool são muito similares. Por isso, é importante nunca ultrapassar a quantidade máxima de bebida.
5) E, é claro, nunca dirija depois de beber.