Faz um mês que, A.V.S.C., de um ano e três meses, sofre de hidrocefalia, e aguarda ser encaminhada pela Prefeitura de Boa Vista a ‘um hospital em algum lugar do país’ para cirurgia de drenagem de líquido de dentro do crânio.
À Folha, a mãe da criança, a dona de casa Luana Priscila Souza, 26 anos, disse que a criança está internada há 13 meses. O processo de Tratamento Fora de Domicílio (TFD) foi encaminhado, mas a prefeitura diz não ter conseguido vaga em nenhum hospital do país para realização do procedimento. “Há um mês esperamos respostas e tudo que ouvimos é não haver vagas ou contato com o hospital”, declarou.
Luana conta que a filha era uma criança ativa. Mas, hoje vive numa cama, sem mexer braços e pernas. Só abre os olhos. Nos exames, o neurocirurgião teria constatado duas bolsas de pus na cabeça, que devem ser drenadas. “O médico disse que pode ter uma pressão intracraniana e a cada dia o quadro dela piora”, lamentou.
Baseada em relato da direção do hospital, a mãe conta que a cirurgia não pode ser feita aqui por falta de um equipamento chamado neuroendoscópio. O que existia está quebrado e a Prefeitura estaria comprando outro que demoraria chegar.
Então, a solução seria agilizar o TFD. “A gente que passa pela situação, olha como descaso. O que vemos nas propagandas não é como acontece aqui dentro”, comentou.
HOSPITAL – O diretor-técnico do Hospital da Criança Santo Antônio, Máximo Eduardo Colina, informou que havia o neuroendoscópio. “Não temos mais esse neuroendoscópio. Ele estava velho e não funcionava. Tivemos que encaminhá-lo para concerto em outro estado”, disse o diretor-técnico.
Sobre o procedimento, Máximo Colina disse ser preciso tratar a infecção no crânio da criança. “Primeiro tem que resolver a infecção para poder realizar a cirurgia. Feita a cirurgia no quadro em que a paciente se encontra, a saúde dela pode piorar”, frisou.
Em relação ao encaminhamento da criança para hospital apto a recebê-la, o que impede é a disponibilidade de vaga. “Não há vagas em nenhum dos estados onde há hospitais aptos a realizar a cirurgia”, acrescentou o diretor.
PREFEITURA – A Folha procurou a Prefeitura de Boa Vista, que por meio de nota respondeu: “A solicitação de Tratamento Fora de Domicílio – TFD foi encaminhada à Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade, em Brasília, que é responsável pelo encaminhamento do paciente ao Hospital de destino, de acordo com a disponibilidade de vaga”, informou.
“No entanto, a paciente apresenta um quadro de infeção que impossibilita a realização de procedimento e de viagem. O HCSA está empenhado para que o quadro de saúde da criança seja estabilizado”, diz a nota.
APOIO – A.V.S.C. foi diagnosticada com hidrocefalia desde a gestação. Há 13 meses está internada no Hospital da Criança Santo Antônio. Quem estiver interessado em doar fraldas ou produtos de higiene, pode entrar contato por meio do número (95) 99177-5456. (E.M.)