INFLAÇÃO

Ovo tem maior alta de preços em uma década no Brasil

No período de 12 meses até junho, o alimento acumulou inflação de 22,93% no país, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

"Guerra na Ucrânia pode ter influenciado alta", afirma especialista. Foto: Internet
"Guerra na Ucrânia pode ter influenciado alta", afirma especialista. Foto: Internet

Os preços da alimentação no domicílio perdem força na média do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), mas ainda há produtos específicos que pesam no bolso do brasileiro. É o caso do tradicional ovo de galinha.

No período de 12 meses até junho, o alimento acumulou inflação de 22,93% no país, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Trata-se da maior alta de preços do ovo em uma década, desde julho de 2013. À época, o avanço havia sido de 24,54%. O IPCA é considerado o índice oficial de inflação do Brasil.

O economista Lucas Dezordi, professor da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), também avalia que a alta do ovo está relacionada com questões como a oferta menor e o aumento dos custos de produção após a pandemia e a Guerra da Ucrânia. Ele, porém, projeta que os preços devem ter “acomodação” ou até queda nos próximos meses.

O motivo, segundo Dezordi, é o recuo recente das cotações de insumos usados na produção de ovos, incluindo o milho, base da alimentação das galinhas.

Esse alívio já se reflete em outros alimentos pesquisados no IPCA, como a maior parte das carnes. Peito (-10,50%), fígado (-10,09%), paleta (-9,22%) e alcatra (-9,09%) são os cortes bovinos com as maiores quedas no acumulado de 12 meses do índice de inflação.

O frango em pedaços (-3,94%) e o frango inteiro (-0,98%) também tiveram redução de preços no período.

“Mesmo com o aumento de 22,93%, o ovo é uma proteína mais barata se comparada às carnes, principalmente a bovina. Esse aumento ainda pega muito do início do ano”, afirma Dezordi.

Considerando os 377 subitens (bens e serviços) que compõem o IPCA, o ovo de galinha acumulou a nona maior alta de preços em 12 meses até junho.

Só ficou atrás de tangerina (52,5%), inhame (46,95%), filhote de peixe (40,79%), farinha de mandioca (34,93%), banana-maçã (32,62%), batata-doce (29,6%), melancia (24,9%) e alimento infantil (23,27%).

Na média da alimentação no domicílio, a inflação desacelerou para 2,88% nos 12 meses até junho. É a menor variação desde outubro de 2019 (2,84%).

No caso específico do ovo de galinha, as capitais com as maiores altas de preços até junho foram Belo Horizonte (31,92%), Aracaju (30,36%) e Goiânia (28,94%). Em São Paulo, o alimento subiu 24,51% no mesmo período.

A carestia do alimento não é uma exclusividade brasileira. Nos Estados Unidos, os preços também subiram em 2023, mas por um motivo diferente: a gripe aviária.

A doença provocou a morte de aves poedeiras, gerando escassez de ovos. Com a oferta restrita, houve uma pressão sobre a inflação dos produtos.

Estadão Conteúdo