Cotidiano

Fogo destrói gerador de energia e piora serviço prestado à população

Por causa do incêndio, moradores ficaram sem luz por oito horas, mas problemas no fornecimento são antigos

Um incêndio em um dos geradores da Companhia Energética de Roraima (Cerr) deixou os moradores da Vila Brasil e parte do Município do Amajari, norte do Estado, sem energia por aproximadamente oito horas. O incidente ocorreu por volta das 5 horas desta quarta-feira. Conforme os moradores, as chamas foram controladas pelo Corpo de Bombeiros às 9h. As causas do incêndio ainda não foram divulgadas.
Segundo o motorista Josefram Alves de Lima, a energia foi restabelecida por volta das 14h depois que uma equipe da Cerr instalou um novo gerador. Ele contou que pouco antes das 5h, quando saía para o trabalho, faltou energia e, próximo à saída da cidade, percebeu a fumaça negra e um clarão. “Achei que fosse uma casa que estivesse pegando fogo, mas de longe já dava para perceber que era o gerador pegando fogo, e algumas pessoas tentavam apagá-lo, mas sem sucesso”, frisou.
Josefram Lima afirmou que a energia fornecida no município é de péssima qualidade, falta constantemente e sofre oscilações, provocando queima de aparelhos domésticos. Ele relatou que o prédio onde funciona o grupo gerador, composto por dois geradores e painéis de distribuição, é muito antigo e não oferece condições de trabalho para os servidores da Cerr.
“É uma estrutura antiga que não oferece mais condições de se prestar um bom serviço, além de espalhar fumaça na cidade e fazer um barulho insuportável para os moradores. Essa falta de estrutura e de manutenção resulta na qualidade do serviço, inclusive contribui para incidentes como esse que aconteceu agora. Os extintores que os servidores usaram para tentar controlar as chamas não funcionavam, colocando em risco a vida de todos”, frisou.
O morador relatou que a rede elétrica também é precária e que o grupo gerador não atende mais à demanda dos moradores da sede do município, de vilas, assentamentos rurais, fazendas e comunidades indígenas. “Os geradores estão sobrecarregados e não atendem mais à demanda. Tem que haver investimentos urgentes para que o atendimento seja a contento”, disse.
CERR – A Folha manteve contato por telefone e e-mail com a assessoria de imprensa da CERR, mas, até as 17h, não houve retorno. (R.R)
Prefeitura quer instalação de geradores fora da Vila Brasil
O incêndio ocorrido ontem pela manhã em um dos geradores que fornece energia para a Vila Brasil e parte do Município do Amajari chamou a atenção para a precariedade em que se encontra o prédio que abriga o grupo gerador da Companhia Energética de Roraima (Cerr). O prefeito Moacir Mota aproveitou para antecipar o anúncio de uma parceria com a Cerr para retirar o grupo gerador do centro da Vila Brasil e instalá-lo em um local mais afastado.
“Há algum tempo que estamos tentando mudar o prédio do grupo gerador para um local fora da Vila. Até porque, faz muito barulho e fumaça. Os moradores reclamam que a força do gerador faz as casas tremerem e as paredes se racham”, frisou. Para resolver o problema, ele enviou ofício solicitando audiência com a diretoria da Cerr para firmar parceria e construir um novo prédio para abrigar os geradores.
“A Prefeitura quer doar um terreno para que o prédio seja construído fora da vila e acabar com esses problemas de barulho e fumaça. Estamos aguardando o posicionamento da Cerr para sentarmos e discutirmos quando e como será feita a mudança”, disse.
Quanto às melhorias no fornecimento de energia, o prefeito afirmou que a empresa responsável pela geração da energia já está com dois novos geradores, mais potentes, prontos para serem instalados. “Os moradores reclamam muito da oscilação da energia e da queima de aparelhos domésticos. Esperamos que isso seja resolvido e que a Cerr possa disponibilizar geradores mais potentes e energia mais confiável para o Amajari”, frisou. (R.R)
Moradores de Uiramutã e Bonfim sofrem com falta de água potável
Moradores dos municípios de Uiramutã (nordeste do Estado) e Bonfim (região leste) têm sofrido dificuldades para ter acesso a água potável. Os problemas com a Companhia de Águas e Esgoto de Roraima (Caer) nos dois municípios são os principais entraves para que a população tenha água tratada em casa, conforme os moradores.
Enquanto em Bonfim há mais de três dias as bombas queimadas interromperam o fornecimento de água, em Uiramutã a população retira das torneiras água contaminada, pois não há fornecimento de água tratada.
“A população de Bonfim se encontra sem água há quatro dias. A falta de água está sendo constante. Quando procuramos a Caer, a única explicação que nos dão é que as bombas de água queimaram por conta das constantes quedas de energia”, disse um funcionário público que preferiu não ter a identidade revelada.
Ele explicou que o problema está ocorrendo principalmente nas regiões centrais do município. “Estamos totalmente sem água, não vem nenhuma gota pela torneira. Quem mora em locais de área baixa ainda consegue aparar um pouco de água dos poços, mas na região central simplesmente não há água”, frisou.
Ele disse que o expediente nos órgãos públicos foi suspenso devido à falta de água. “Nos postos de saúde, eles não estão atendendo porque a água é essencial para o funcionamento”, disse ao destacar que para cozinhar alimentos, as pessoas estão comprando água mineral.
Em Uiramutã, os moradores consideram como crônico o problema da falta de água. “Há mais de um ano convivemos com falta de água. Não temos água para fazer as necessidades básicas, como cozinhar e tomar banho”, disse um morador que também não quis se identificar.
Segundo ele, a água, quando chega às residências, não é própria para o consumo. “Nossa água é contaminada. Já foi comprovado que vem com ameba e giárdia. Qualquer pessoa que beber água aqui logo em seguida tem diarreia”, afirmou.
Ele explicou que vários moradores já foram à Caer para buscar uma solução, mas que nada é feito porque a empresa não cobra pelo serviço de fornecimento naquele município. “A Caer não quer resolver esse problema porque aqui não pagamos água. Mas se isso é entrave da Caer, todos os moradores concordam em pagar pelos serviços. O que não podemos é ficar sem água”, frisou.
“Para completar, o único posto que temos da Caer aqui só tem um funcionário. O problema é que ele não cumpre horário, não atende bem a comunidade e não procura resolver a falta de água. Já não sabemos o que fazer”, comentou. “Além disso, o prédio deles está abandonado e cheio de mato. Agora serve para menores usarem droga. É um verdadeiro descaso com a gente”.
CAER – Em nota, o Governo do Estado informou que encaminhou, na manhã de ontem, uma equipe da Companhia de Água e Esgoto ao Bonfim para realizar a substituição da bomba danificada. A previsão era de que ainda ontem o abastecimento estivesse normalizado. Porém, em contato com os denunciantes, até as 18h de ontem, ainda não havia água.
“Quanto à qualidade da água no Uiramutã, a Caer está reorganizando os cronogramas de coletas e análises da qualidade da água de todo o Estado. No entanto, as análises feitas pela empresa seguem o que preconiza o Ministério da Saúde quanto à periodicidade e índices de referência como turbidez”, disse a nota. Destacou que as análises são encaminhadas ao Ministério da Saúde, Femarh (Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos) e Sesau (Secretaria Estadual de Saúde).
Frisou ainda que, quanto ao abastecimento de água, será feito um levantamento das condições atuais e, em seguida, providências serão tomadas no sentido de atender à demanda. “A respeito da situação encontrada no prédio, relatada pelos moradores, a nova gestão, que acabou de assumir a companhia, vai vistoriar a situação do local para tomar as providências devidas”, destacou. (JL)