CULTURA

Tradição e diversidade: arraial tem espaço para outras linguagens artísticas

A FolhaBV conversou com o Coletivo Macu-X, de hip hop, e o Grupo de Teatro Locômbia

O teatro também está presente durante as noites de arraial com o Grupo Locômbia. (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
O teatro também está presente durante as noites de arraial com o Grupo Locômbia. (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

A festa junina representa tradição e o roraimense tem vivido essa experiência cultural no São João do Anauá. Mas não é só de quadrilha e milho cozido que essa festa é representada aqui em Roraima.

Segundo os coletivos culturais, fazer parte de grandes festas que movimentam o estado é uma oportunidade de mostrar as linguagens artísticas. No caso do Coletivo Macu-X, a intenção é mostrar o hip-hop para a população.

“Essa é uma cultura que tá em ascensão e esse arraial trouxe espaço pra gente ter outras linguagens. Então, a gente vai ter batalhas do conhecimento, que é parecido com o repente nordestino, batalha de sangue que é esculachando o outro. Aí tem a roda que é o que estão fazendo aqui que é interagindo com a população que vai passando”, explicou o produtor cultural e grafiteiro Ricks Aguiar.

O coletivo envolve não só as batalhas de rap, apresentações de MCs e o grafite, mas a oportunidade da participação de jovens. É o que reforça José Passos, também MC.

“A gente vê que espaços estão sendo abertos para a gente conseguir levar a nossa arte. Reflete que a nossa luta por visibilidade, por transformação social tá se concretizando, tá se materializando e nos motiva a continuar com essa luta e expandindo a nossa mensagem que é hip hop pode transformar a vida dos jovens”, afirmou.

Batalha de conhecimento realizada pelo Coletivo Macu-X. (Foto: José Magno/FolhaBV)

Teatro

O teatro também está presente durante as noites de arraial com o Grupo Locômbia. O casal de atores que iniciou o grupo na Colômbia e fixou em Roraima, Orlando Moreno, de 62 anos, e Beatriz Brooks, de 58, são os representantes da manifestação artística. No arraial, a dupla está apresentando Lampião e Maria Bonita com o teatro mudo e estático.

“Não é só não estar parado. Estamos vendo uma coisa mais lúdica sobre os cangaceiros, sobre Maria Bonita e o Lampião e justamente isso, cantar uma brincadeira com o público aqui, trazer ludicidade pro para as ruas, para as pessoas aqui. E isso é de extrema importância porque, além de fomentar a cultura do nosso estado, a gente tem o contato com o público”, explicou o filho do casal, Shanti.

O grupo Locômbia tem 15 anos e já realizou diversas apresentações independentes no estado, além de oficinas dedicadas ao teatro e artes integradas. As atividades do grupo ocorrem no Espaço Malokômbia, na rua Noel Rosa, 346, no Santa Cecilia.

Orlando e Beatriz como Lampião e Maria Bonita, representantes do cangaço. Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Outros movimentos também estão presente no arraial do Parque Anauá. As manifestações artísticas ocorrem de maneira livre, não tendo um ponto fixo no evento, mas participando todas as noites, até a última noite, neste sábado (29).