Dados da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) apontam que, em 2017, Boa Vista registrou o surgimento de 77 novos casos de hanseníase, sendo seis deles em menores de 15 anos. Os números preocupam, uma vez que no mesmo período do ano anterior foram contabilizados 44 diagnósticos para a doença, sendo cinco em crianças.
Em todo o Estado, foram registrados, em 2017, 146 casos, sendo 22 em crianças e adolescentes menores de 14 anos. No ano anterior, foram 81 casos, sendo 11 em crianças, conforme dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).
“A gente trabalha para avaliar o risco de adoecimento da hanseníase, com o coeficiente de detecção de casos novos, que em Boa Vista foi de 21 casos para cada 100 mil habitantes no ano passado. Hoje a gente tem hanseníase em todos os bairros da capital, então, é importante estar sempre alertando a população sobre essa questão”, explicou a diretora do Departamento Epidemiológico da Semsa, Roberta Calandrini.
Para ressaltar a importância do diagnóstico precoce para a doença, a Prefeitura de Boa Vista realizará durante toda essa semana uma extensa programação em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município. A programação também é alusiva ao Dia Mundial de Luta Contra a Hanseníase, comemorado anualmente no último domingo do mês de janeiro.
“Na semana passada, nós realizamos a preparação dos agentes comunitários de saúde, para que eles realizem a suspeição do diagnóstico para a hanseníase. Detectado qualquer sinal ou sintoma para a doença, essa pessoa será encaminhada para a unidade básica de saúde mais próxima”, afirmou.
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa que atinge a pele e os nervos do paciente. Atualmente é considerado um problema de saúde pública, por causar a incapacitação física do portador, marcando-o emocionalmente e financeiramente. “A hanseníase é caracterizada pelo surgimento de manchas na pele de qualquer cor, podendo aparecer em qualquer parte do corpo. Há também outros sintomas que podem indicar que o paciente possui a doença, como detecção de áreas adormecidas, perda de pelos e caroços que costumam apresentar dor. Como é uma enfermidade dermatoneorológica, pode causar a incapacidade física nas mãos, nos pés e até levar a cegueira do paciente, caso o problema se dê nos olhos”, frisou.
Pelo município, o tratamento pode ser feito diretamente nos postos de saúde. Além do acompanhamento com especialista, o paciente com hanseníase recebe medicamentos para reforçar as defesas do corpo. “Quando um paciente faz o diagnóstico com a doença, ele inicia de imediato o tratamento. O médico faz a classificação para verificar a quantidade de bacilos no corpo dessa pessoa. No geral, o tratamento pode durar entre seis meses a um ano, e ao final dele, esse paciente estará curado”, pontuou.
Já pela rede estadual de saúde, o tratamento para a hanseníase é ofertado no Hospital Coronel Mota. “Quando há alguma dificuldade no tratamento realizado pelo município, o profissional faz o encaminhamento para a atenção especializada do Estado, no Hospital Coronel Mota, que faz todo o acompanhamento do paciente junto as nossas duas médicas”, pontuou. (M.L)