Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que pouco mais de 11 milhões de brasileiros sofrem algum tipo de transtorno psicológico, com predominância maior para a depressão. O país fica atrás somente dos Estados Unidos, no que se refere aos países americanos com alta incidência de doenças intimamente ligadas a problemas de fundo emocional.
Em Roraima, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), a média mensal de atendimento na Clínica Especializada Coronel Mota (CECM), unidade indicada para o tratamento de pessoas com transtornos leves, varia entre 1.400 a 1.900 acompanhamentos.
Já os Centros de Atenção Psicossocial (Caps III) e de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (Caps AD) juntos registram uma média de 1.400 a 1.800 atendimentos mensais. Ambas as unidades são indicadas para o tratamento de problemas de intensidade moderada ou alta.
“Atualmente, existem duas bases que originam o surgimento dos transtornos mentais. A primeira delas a base orgânica, que são os distúrbios de origem genética, como é o caso da esquizofrenia. Na segunda, são as de base adquirida, que aparecem de acordo com a estrutura familiar ou contexto ambiental do paciente. Nesse caso, nós temos as neuroses, a ansiedade e a depressão, sendo essas duas últimas as que mais mexem com a sociedade, muitas vezes levando até ao suicídio”, afirmou o médico do Coronel Mota, Joel Gonzaga.
De acordo com o médico, além dos atendimentos no Coronel Mota e nos Caps, os pacientes também contam com o suporte da Unidade de Acolhimento Maria da Consolação Inácio (UAA) nos casos em que os pacientes necessitam de tratamento mais prolongado, além dos serviços disponíveis no Hospital Geral de Roraima (HGR). “O tratamento para paciente com transtornos mentais no Estado é feito de forma voluntária e o Governo garante o auxílio com medicamentos, o que possibilita uma eficácia maior para a saúde do usuário que necessita desse serviço”, informou.
Sobre os grupos profissionais suscetíveis aos surgimentos de problemas de fundo emocional, Gonzaga destaca que médicos, enfermeiros, policiais e professores são os que mais precisam recorrer a tratamento ou acompanhamento especializado atualmente.
“Entre as categorias, a gente observa que os profissionais de saúde e até mesmo estudantes dessas áreas são os mais afetados por transtornos mentais, devido à ausência de acompanhamento psicológico que dê suporte para tanta exigência, já que se tratam de áreas que lidam com vidas. Logo em seguida vêm os profissionais da Segurança Pública, como policiais civis, militares e agentes penitenciários, que estão entre as profissões de risco; e depois os professores, cuja área enfrenta forte desvalorização, tanto salarial quanto na questão da perda de valores”, pontuou.
Para ressaltar a importância da saúde mental, a saúde pública estadual aderiu pela primeira vez à campanha “Janeiro Branco”. A iniciativa, segundo o médico, surgiu no ano de 2014, no estado de Minas Gerais, e desde então passou a ser adotada por outros estados do país.
“Essa foi à primeira vez que o Estado aderiu a essa campanha e, como estratégia, nós decidimos realizar durante esse mês inteiro atividades mais focadas para o esclarecimento dessa questão para os profissionais da saúde, para que eles percebam o problema assim que notarem as primeiras alterações de comportamento, seja nele ou em pessoas próximas. Infelizmente a sociedade tem sido cada vez mais acometida por esse tipo de problema e, por esse motivo, é importante trabalhar a prevenção antes que aconteça algo de pior”, concluiu. (M.L)
Fonte: SESAU