JESSÉ SOUZA

A falta de delegado e a insegurança que ronda os municípios do Norte

Pacaraima é a primeira cidade roraimense a enfrentar os problemas da migração venezuelana, entre eles a violência (Foto: Divulgação)

A falta de delegado no Município de Pacaraima representa uma situação muito mais séria do que parece. Não se trata apenas da falta de um profissional importante em uma área de fronteira que enfrenta sérios problemas com a migração em massa de venezuelanos, entre os quais a criminalidade. O fato expõe a insegurança pública que impera nos municípios da região Norte, todos em área de fronteira.

O Município do Amajari, que está sob a jurisdição da Delegacia de Pacaraima, é o exemplo desse grande problema. O governo extinguiu a delegacia daquela localidade, onde o pequeno efetivo da Polícia Militar assume o papel não só de polícia ostensiva, mas também cumpre outras atribuições, inclusive exercendo um papel conciliador porque é inviável levar todos os casos para a Delegacia de Pacaraima.

A situação por lá chegou a um certo nível que a comunidade da Vila Tepequém teve que reformar o prédio do Destacamento da PM, com seus próprios recursos, para que o atual governo inaugurasse, como se fosse uma ação governamental, com solenidade e propaganda institucional. Não fosse isso, o principal ponto turístico de Roraima estaria desguarnecido até hoje do mínimo de segurança pública.

O Ministério Público de Roraima (MPRR) não terá dificuldade alguma com o inquérito civil aberto para investigar a provável negligência do governo estadual ao não designar um delegado titular para Pacaraima. Porque o problema não é de hoje, com sérios reflexos na insegurança que costuma rondar a região Norte do Estado pela falta de delegacias, baixo efetivo, falta de estrutura e, agora, falta de um delegado titular.

O MP já apontou problemas em Pacaraima, como atraso nas investigações de inquéritos policiais, não cumprimento das diligências e até inquéritos com investigado preso sem diligências urgentes, problema este em que houve a soltura do suspeito. Para uma área de fronteira onde o crime organizado internacional atua, a situação da Polícia Civil contribui para o avanço da criminalidade e desassistência às populações dos municípios.

Os problemas narrados pelo órgão ministerial e pelos enfrentados pela população do Amajari são de conhecimento dos deputados estaduais, os quais estiveram reunidos em Tepequém, no início do ano, onde as lideranças comunitárias pediram solução para esta questão. Foram pelo menos seis deputados presentes a esta reunião, os quais fizeram promessas até hoje não cumpridas.

O que se espera, com esta investigação do MP, é que o governo tome decisões urgentes não apenas com relação à falta de delegado, mas com todas as situações de insegurança e descaso que ocorrem nos municípios da região Norte, onde crimes violentos ocorreram nesses últimos meses, revelando a necessidade da presença mais efetiva do poder do Estado, onde a PM é a única garantia de ordem.

*Colunista

[email protected]