Muitos casais têm dificuldade para engravidar e as causas para tal são diversas. O peso, tanto abaixo quanto acima do ideal, pode alterar a fertilidade de ambos, afetando a produção de sêmen e a ovulação.
Uma pesquisa publicada na revista científica Human Reproduction divulgou um estudo realizado com 47.835 casais dinamarqueses, entre os anos de 1996 e 2002, que revelou que os casais obesos precisam aguardar mais tempo para engravidar. Além da obesidade, o sobrepeso também apresenta grande influência na fertilidade das pessoas.
“Pesquisas anteriores já relacionavam o excesso de peso à infertilidade, mas este foi o primeiro estudo realizado no mundo sobre a fertilidade especificamente em casais obesos”, explicou o médico Cesar Penna, especialista em Endocrinologia e Metabologia.
Em geral, os casais com peso normal levam um ano para conceber uma gravidez. “O estudo dinamarquês mostrou que o tempo de espera para concepção em casais obesos é 2,74 vezes maior. Em casais com sobrepeso, este índice cai para 1,4. Já entre os casais com um parceiro obeso e outro muito magro, é ainda mais difícil a gravidez no primeiro ano de tentativa”, ressalta.
Neste caso, a baixa fertilidade é quatro vezes maior do que nos casais com peso normal, principalmente quando a mulher é obesa e o homem é muito magro. “Outra constatação foi que, ao ganhar peso, mulheres muito magras conseguiram uma redução no tempo de espera para a gravidez”, conta o médico.
Os pesquisadores analisaram um subgrupo (com 2.374 casais) formado apenas com casais nos quais as mulheres tinham Índice de Massa Corporal (IMC) normal, entre 18,5 e 24,9. Cada quilo a mais para elas representava 2,84 dias a mais de espera para a concepção da gestação. Foram avaliados outros 365 casais, cujas mulheres tinham sobrepeso antes da primeira gravidez e que conseguiram perder peso antes da segunda. Nestes casos, cada quilo a menos reduzia o tempo de espera em 5,5 dias.
Qual a relação da obesidade com a fertilidade?
O tecido adiposo age sobre a fertilidade principalmente por efeitos hormonais. A célula adiposa consegue provocar alterações no padrão de hormônios sexuais por possuir enzimas como a aromatase, que converte a testosterona em estrógeno. Em homens, o excesso de estrógeno age sobre o hipotálamo e a hipófise, impedindo a liberação de hormônios gonadotrópicos como o hormônio folículo estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH) que controlam a produção de espermatozoides.
Em mulheres, além desse mecanismo, outras enzimas como a leptina e uma maior produção de substâncias andrógenas, como a testosterona, também são responsáveis pela alteração na liberação de LH e FS e, consequentemente, na liberação de óvulos. O diabetes tipo II e a resistência insulínica, comuns em pessoas obesas, também parecem agir sobre esse eixo hormonal, por meio de substâncias inflamatórias, reduzindo a fertilidade.