JESSÉ SOUZA

O futuro que nos aguarda e a ‘política do gogó’ que tem predominado

O Estado de Roraima precisa de políticos que estejam pensando no futuro (Foto: Divulgação)

Os discursos políticos sobre o desenvolvimento do Estado não condizem com a realidade que se apresenta. A situação crítica a que chegou a BR-174, considerada o cordão umbilical de Roraima, é a mais escandalosa prova da distância entre o discurso e a prática. Como se pode admitir que a principal rodovia da qual dependemos para tudo, principalmente o abastecimento de alimentos e combustíveis, chegasse ao nível crítico?

Não há lógica para isso, assim como não se pode admitir a respeito do abandono das demais rodovias as quais interligam os municípios, servindo de escoamento da produção de alimentos para as cidades. Muito pior ainda são as prefeituras não cuidarem das vicinais onde vivem principalmente os pequenos produtores. E assim pode ser relacionada uma série de situações indemissíveis que se perpetuam enquanto os políticos praticam a “política do gogó”.

A questão energética se encaminha para uma solução, e o discurso sobre quem é o “pai criança” e quem foi culpado pela demora do início das obras do Linhão de Tucuruí não deverá prosperar mais. O momento, a partir de já, é pensar na estrutura para preparar não só o Estado, mas os municípios e a própria Capital para esse futuro que está se desenhando não só a partir de agora, mas desde o início da migração em massa de venezuelanos.

Os números do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicando que Roraima cresceu 40,6% o total de habitantes em pouco mais de uma década, servem de termômetro sobre o que nos espera. Se os políticos não cuidarem de obras estruturantes para o setor produtivo, que é a peça-chave no desenvolvimento dos seus negócios, não teremos emprego e renda para suportar o crescimento populacional. Isso é apenas um exemplo.

A política partidária precisa sair do discurso para a prática, se distanciando cada vez mais da picuinha na intenção de gerar engajamento político nas redes sociais, sem pensar nos projetos que realmente vão preparar o Estado para um futuro promissor. Já diziam que Roraima é geograficamente estratégico, mas isso ficou em um discurso de décadas atrás.

A Capital de Roraima, Boa Vista,  precisa, sim, de mais viadutos e ciclovias diante do crescimento populacional e do aumento de frotas de veículos. Ciclovias são imprescindíveis para a locomoção da população mais pobre que precisa atravessar a cidade para trabalhar. Assim como os municípios precisam de suas vicinais para fomentar a agricultura familiar, por exemplo.

Tais obras podem não ser vistas como prioritárias neste exato momento, mas serão determinantes para o futuro que nos aguarda. Não se pode esquecer da crítica que o falecido Ottomar Pinto recebia quando anunciou a construção do viaduto no cruzamento das avenidas Glaycon de Paiva e Venezuela, na Feira do Produtor. Hoje, esse viaduto é essencial para a mobilidade urbana e para salvar vidas.

Atualmente, os políticos e os governantes sequer conseguem manter trafegáveis as principais rodovias do Estado, por onde pulsam a vida e é transportada a riqueza produzida para o bem-estar coletivo. Não há maior atestado de incompetência e falta de zelo que este. Roraima precisa de políticos estadistas, que estejam conectados com o presente e planejando o futuro. Senão, continuaremos nessa política mesquinha do “quanto pior, melhor”.

*Colunista

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