MESMO COM OPERAÇÃO

Associação denuncia que garimpeiros ainda se escondem na floresta Yanomami

Os mineradores ilegais também estariam andando armados em comunidades e aliciando jovens indígenas

As lideranças apontam que há presença intensificada de garimpeiros no Rio Uraricoera. (Foto: 1ª Bda Inf Sl /Exército Brasileiro)
As lideranças apontam que há presença intensificada de garimpeiros no Rio Uraricoera. (Foto: 1ª Bda Inf Sl /Exército Brasileiro)

A Associação Wanasseduume Ye´kwana (Seduume) denunciou às autoridades que garimpeiros ainda seguem escondidos na Terra Indígena Yanomami, circulando armados próximo a comunidade Waikás, no rio Uraricoera. Além de se esconderem das operações, um invasor afirma estar casado com uma indígena para “fugir” das operações.

Segundo o ofício, entregue na manhã desta sexta-feira (11), as operações de desintrusão do garimpo na TIY identificam invasores por meio de sobrevoos, mas o método não pode ser considerado totalmente efetivo, pois os garimpeiros estariam se escondendo e guardando maquinários no meio da floresta. As lideranças apontam que há presença intensificada de garimpeiros no Rio Uraricoera.

“Os invasores culpam a comunidade pelas operações de extrusão, e esta tem sofrido represálias por denunciar o garimpo ilegal”, inicia o documento. “A comunidade está pedindo maior apoio das autoridades porque afirma que os invasores que permanecem na TI são conhecidos, se tratando de pessoas que sofreram flagrantes e fugiram da justiça. Alguns são detidos, chamados a depor dentro da TI, mas são liberados ali mesmo. Outros, se entregam, são retirados, mas logo retornam para atividade garimpeira”, completa.

Casamento falso

Mesmo com as operações, de acordo com a Seduume, os garimpeiros também estariam seduzindo jovens indígenas para o crime, o que deixam as mulheres vulneráveis durante o trabalho de roçado e em risco de abuso e exploração sexual, assim como as crianças.

Em um caso específico, haveria um casamento falso, que conforme lideranças da região é para impedir que o um garimpeiro seja preso. Conhecido como Izaquiel, o invasor estaria morando dentro da comunidade de Waikás desde de janeiro, onde a comunidade acredita que ele está pedindo para ficar na casa de uma indígena apenas para fugir da operação.

Ações de retirada

Denúncia foi feita e entregue durante reunião com Funai, Ibama, PF, MPF e Exército. (Foto: reprodução)

Como providências, a Seduume pediu a retirada do invasor que vive na comunidade, reforço policial em Waikás e a construção de uma base de operações na região. Assim como a destruição de todo o material usado pelos garimpeiros ilegais sejam pistas de pouso, maquinários, rodovias de acesso, e outros.

No caso das balsas, que sejam retiradas dos rios antes de serem queimadas para evitar que os restos causem acidentes. Dessa forma, solicita que sejam retirados os restos de balsas que já foram queimadas durante as operações acima do: Mu’da, Kuratajana, Kannwa, Fawi e Motomoto; e abaixo do rio: Shidiichä, Wensuku e Madijaamä.

Reunião com autoridades

O ofício foi entregue durante a reunião com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), à Superintendência da Polícia Federal (PF), ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), à 1ª Brigada de Infantaria de Selva do Exército e ao Ministério Público Federal (MPF).

A reunião teve como propósito aproximar ainda mais as lideranças indígenas às Forças, agências e Órgãos de Segurança Pública empregados nas ações na TIY. De acordo com as Forças Armadas, as atividades continuam acontecendo e mais de 130 prisões já ocorreram, acompanhadas da destruição de equipamentos utilizados na prática de crimes, além da entrega de cestas básicas que ultrapassam 30 mil unidades.