Os números não mentem. O crescimento expressivo de casos de malária em Roraima está preocupando a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau). Em 2013, mais de oito mil casos foram registrados em Roraima. No ano passado, foram quase 14 mil. Os maiores índices estão em Boa Vista, Rorainópolis, Caracaraí, Cantá e Pacaraima. Para o secretário de Saúde, Marcelo Batista, o aumento é atribuído aos imigrantes.
Segundo Batista, dos 100% de pacientes que procuram atendimento em Pacaraima, município situado ao Norte de Roraima, 90% são venezuelanos. Deste percentual, 70% representam casos de malária. O tratamento da doença é preconizado pelo Ministério da Saúde (MS), no entanto, em nota técnica enviada há uma semana à Sesau, o órgão pediu para que a gestão se preparasse. “Eles não vão mais enviar a medicação porque acabou, devido o aumento de casos”, informou Batista.
Pela pactuação, a compra da Cloroquina e Primaquina, medicamentos destinados ao tratamento da doença, é exclusiva do Ministério da Saúde. Dessa forma, não é possível que o paciente o adquira em farmácias, a exemplo. Na nota, o órgão preconiza que o tratamento seja feito somente com a Cloroquina, por tempo prolongado.
Acontece que a Cloroquina sem a Primaquina não tem a mesma ação junto à doença. Tanto que, além do tratamento ser mais demorado, o número de reincidentes pode aumentar, conforme apontou Batista. Frente a situação, o secretário vai aproveitar a visita de ministros ao Estado, que acontece hoje, 8, para mostrar os índices e pedir providências urgentes que diminuam os dados.
Além da malária, a volta de doenças que já estavam erradicadas, como sarampo e difteria, também é uma preocupação para o Estado. “O controle parte também da imigração e quantidade de pessoas que tem passado na fronteira. Notamos a condição que muitos têm passado, dormindo em locais descobertos e com condições de alimentação precárias, isso pode aumentar o número de atendimentos nas unidades”, frisou.
ESTOQUE – Atualmente, a Sesau tem um estoque de Cloroquina para nove mil tratamentos, apesar dos quase 14 mil casos registrados em 2017. “Até quando o estoque pode durar, não sabemos? Vamos tentar sensibilizar os ministros para ajudar, porque é um problema do Brasil. Eles [venezuelanos] são nossos irmãos, mas como gestores de saúde também precisamos nos preocupar com a qualidade no atendimento”, opinou.
PLANEJAMENTO – Diante do aumento de casos de malária, a Sesau planeja realizar uma campanha de vacinação no próximo mês, a fim de que a população não seja afetada. Além disso, aproveitando a presença dos ministros, Batista vai pedir para que seja obrigatória a vacina aos imigrantes que passarem pela fronteira. Atualmente, conforme as Relações Internacionais do Brasil, os venezuelanos não são obrigados a se vacinarem ao entrar no país.
Número de atendimento nas unidades de saúde cresceu mais de 3.550%
Outra preocupação da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) está relacionada ao número de atendimentos em venezuelanos nas unidades de urgência e emergência. Em quatro anos, o índice aumentou 3.500%. Em 2014, 765 venezuelanos foram atendidos. No ano passado, o número subiu para 18.241. Só em janeiro deste ano, 150 partos foram realizados em venezuelanas no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazaré (HMINSN), o que representa quase cinco partos por dia. (A.G.G)