Ocorreu na manhã desta quarta-feira, 23, a ministração do Curso de Atualização em Monitoramento de Incêndios Florestais, no auditório do Corpo de Bombeiros de Roraima (CBMRR). O curso, realizado pela Embrapa Roraima, capacitou profissionais que atuam na linha de frente de combate à queimadas e incêndios, além de gestores de pastas que tomam as decisões estratégicas em relação aos incêndios do estado.
O curso contou com o apoio de palestrantes e pesquisadores que abordaram diversos temas que englobam os danos à biodiversidade, sistemas de monitoramento de fogo, manejo e prognósticos para os anos seguintes.
O pesquisador da Embrapa, Haron Xaud, um dos palestrantes do evento, afirma que a falta de controle sobre o fogo ocasiona perdas tanto econômicas quanto à biodiversidade. Ele explica que o curso é uma forma de trazer à tona os incêndios florestais que serão um problema a ser enfrentado em Roraima nos próximos meses.
“O curso é uma atualização uma vez que o público é bastante específico e especializado nessa área. Além disso, é uma forma de evidenciar essa questão já no início de transição do período de chuva para o período de seca, principalmente com a ocorrência do fenômeno El Niño que está muito forte esse ano”, explicou.
Cel Cleudiomar Ferreira, do Corpo de Bombeiros e Defesa Civil, afirma que o curso é uma forma de sanar as desinformações sobre o tema e oferecer conhecimento e dados que impactam diretamente na atuação das equipes que trabalham com as queimadas e incêndios florestais.
“Esse tipo de especialização para nós que iremos combater incêndio florestal é muito importante, principalmente para ter o conhecimento dos efeitos danosos a longo prazo nas áreas que estamos trabalhando. Além disso, é uma forma de agir preventivamente para evitar queimadas e combater de forma eficaz para que esse fogo não se alastre pelas florestas. Essa união do técnico científico com o operacional é fundamental”, declarou.
Cleudiomar também enfatizou a preocupação em Roraima viver períodos de grandes problemas climáticos, como ocorreu entre os anos de 2014 a 2016. Ele afirma que o El Niño trará maiores incidências de incêndios e mais cedo que normalmente ocorrem. Por isso, reforça que as equipes já estará se preparando para passar por esse período extremo.
“Teremos mais incidência de incêndios florestais, provavelmente a partir de setembro ou outubro e isso vai se estender pelo ano de 2023 e se agravando nos primeiros quatro meses de 2024. Então, as informações disponibilizadas no curso obrigará a todos os órgãos, que têm de forma institucional o dever de dar resposta a essa temática, a nos reequipar muito mais que anteriormente para enfrentar a situação mostrada”, afirmou;
EL NIÑO
O El Niño é um fenômeno climático que envolve um aquecimento incomum no Oceano Pacífico. Ele determina as variações de distribuição das chuvas em algumas partes do mundo, inclusive o Brasil.
Um dos efeitos que o fenômenos ocasiona ao planeta é a extrema seca, o que pode culminar em sérios problemas em meio à devastação da Amazônia nos últimos anos, período em que o bioma enfrentou altos índices de desmatamento e incêndios.
“As expectativas de todas as agências que fazem estudos sobre o clima é que vamos estar diante de um extremo climático e que irá trazer altos índices de ocorrência de incêndios”, afirmou o pesquisador Dr. Haron Xaud.
O MapBiomas divulgou, em julho deste ano, o mapeamento que indicou que a Amazônia foi o bioma com a maior área queimada no semestre, com 1,45 milhão de hectares devastados em 2023. Isso corresponde a 68% de toda a área queimada no Brasil, nesse período.
Quase metade da área queimada no país entre janeiro e setembro esteve concentrada em Roraima, principalmente nas cidades de Normandia, Pacaraima e Boa Vista. Só no estado, foram queimados 1 milhão de hectares no primeiro semestre deste ano.
O Dr. Haron Xaud solicita que as instituições e a sociedade passem a buscar conhecimento e cuidados aos fenômenos climáticos dos próximos meses. Além disso, alerta para a onda forte de calor e de queimadas e incêndios.
“Convido a todas as instituições e a sociedade a olhar com mais atenção o período que vamos enfrentar. Recordamos que os incêndios também ocorrem em áreas urbanas e abandonadas de Boa Vista. De uma forma geral, esses incêndios impactam negativamente a qualidade de vida do roraimense. Queremos que a população esteja atenta e buscando conhecimento para melhorar as condições de incêndios florestais e queimadas em Roraima”, finalizou.