Política

Neudo Campos diz que governo aguarda posicionamento do TCE

Segundo ele, caso as nomeações de familiares para o secretariado sejam consideradas ilegais, o Governo do Estado acatará a determinação do órgão fiscalizador

A nomeação de familiares da governadora Suely Campos (PP) para compor o primeiro escalão do governo do Estado pode ser revista se assim o Tribunal de Contas do Estado (TCE) decidir. A pedido do órgão fiscalizador, a chefe do Executivo forneceu uma lista com todas as nomeações e, segundo o ex-governador Neudo Campos, caso seja detectada alguma ilegalidade, eventuais determinações para exoneração serão acatadas.
Em entrevista ao programa Agenda da Semana, da Rádio Folha, Neudo disse que no entendimento da governadora, não há ilegalidade nas nomeações. Caso o TCE tenha pensamento diferente, a decisão do órgão não será contrariada, mas Neudo adiantou que, a exemplo dele próprio, as filhas devem continuar trabalhando para o governo, ainda que não detenham cargos públicos.
“Durante a campanha, eu disse que ajudaria a Suely a governar e estou fazendo isso sem ter nenhum cargo público e o mesmo acontecerá com as minhas filhas. Independentemente de qualquer decisão, elas vão continuar trabalhando porque assumiram, durante a campanha, o compromisso de ajudar o Estado”, afirmou, ao salientar que esta movimentação em torno de suposto nepotismo no Estado é resultado de uma “oposição raivosa”. Neudo acrescentou que o atual governo está preparado para “quatro anos de perseguição implacável”.
Durante a entrevista, Neudo anunciou, ainda, que nos próximos dias o Governo do Estado vai abrir concorrência para contratação de empresa para uma auditoria geral nas contas do Governo do Estado. Ele afirmou que a medida pretende buscar responsáveis pelo endividamento público diante do pouco ou nenhum resultado observado na prática. Segundo ele, a auditoria deve dar uma resposta para a população sobre a destinação de recursos provenientes de empréstimos que fizeram a dívida do Estado chegar a quase R$ 2 bilhões. A dívida herdada pelo novo governo inclui ainda a folha de pagamento do mês de dezembro, restos a pagar e despesas de custeio.
Um caso emblemático, segundo ele, é o fato de pacientes internados no Hospital Geral de Roraima (HGR) terem de carregar baldes com água para dar a descarga nos vasos sanitários de alguns blocos da unidade enquanto haveria uma empresa contratada por R$ 400 mil mensais para realizar os serviços de manutenção e limpeza.
Ele citou ainda o caso do programa Crédito Social, em que uma auditoria prévia teria apontado indícios de irregularidade, motivo pelo qual o pagamento está suspenso por três meses. Foram situações como estas que levaram o governo a declarar moratória nos pagamentos das dívidas deixadas pela gestão anterior por 180 dias. “É o tempo que o governo vai ter para fazer um levantamento sobre o tamanho do rombo deixado e fechar os ralos do dinheiro público”, disse.
Questionado sobre as estratégias para promover inovações, frente a um cenário de arrocho financeiro, Neudo disse que recursos há, o que falta é fazer com que cada recurso seja usado especificamente para o que foi destinado. Ele disse isso ao falar sobre a Educação, que, durante a campanha de Suely, recebeu promessas de ser tratada como prioridade. Para as escolas, ele disse que o plano é investir, ainda neste ano, em tecnologia de informação como instrumento de educação. A ideia é municiar os alunos de tablets e preparar os professores para a informatização da educação. Neudo citou ainda que neste ano será planejada uma estratégia para construir escolas e/ou transformar as já existentes em unidades de tempo integral.
Ele falou ainda sobre a assistência técnica rural no Estado e afirmou que em vez de criar uma instituição específica para isso, a intenção é investir para que os mais de 150 técnicos disponíveis na Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) passem a oferecer este tipo de serviço.
TERCEIRIZADAS – Quando questionado sobre o fornecimento de alimentação nos hospitais e unidades prisionais, Neudo Campos afirmou que o novo governo deve pôr fim à terceirização destes serviços. Isso porque, segundo ele, sai até três vezes mais caro contratar uma empresa para fornecer a alimentação pronta que pagar pessoas para realizar o serviço, com vínculo direto com o governo.
Ele disse que, em visita ao Hospital Geral de Roraima (HGR) e à Cadeia Pública de Boa Vista, constatou que a comida servida nos locais é de péssima qualidade, o que não atende às necessidades do governo. “Vamos estudar a melhor forma de fazer com que essa alimentação seja feita como era antes, na época em que eu era governador. Assim teremos um serviço mais barato e de melhor qualidade”, afirmou.
Ele anunciou que, ainda neste semestre, o governo deverá reabrir o Restaurante do Trabalhador, no bairro Pintolândia, fechado há mais de três anos.