Um ofício solicitando a concessão do prédio na Avenida Mário Homem de Melo, no bairro Caimbé, zona Oeste de Boa Vista, onde funcionava o antigo restaurante popular, foi encaminhado ao Governo do Estado pela Associação Comunitária do Bairro Santa Luzia, que deseja reabrir o espaço para oferecer alimentação com preço mais acessível a venezuelanos e pessoas de baixa renda.
A entidade sem fins lucrativos possui decreto de utilidade pública municipal. Segundo o presidente da Associação, padre Antônio Carlos Tavares, a proposta é que o restaurante popular seja mantido por parceiros da iniciativa privada e Organizações Não-Governamentais (ONGs), sem onerar os cofres públicos. “No ano passado começamos a fazer esse trabalho de captação de recursos para reabertura do restaurante popular. Aquele espaço está abandonado e queremos reativar para atender pessoas de baixa renda, mas principalmente os imigrantes”, disse.
Conforme o padre, a ideia surgiu diante da migração desenfreada de venezuelanos em Roraima. A estimativa da Polícia Federal (PF) é que ao menos 70 mil estrangeiros passaram pela fronteira da Venezuela para entrar no Brasil apenas em 2017, sendo que mais de 45 venezuelanos permaneceram no Estado.
Para ele, a crise migratória expôs a situação de vulnerabilidade alimentar pela qual enfrentam muitos imigrantes. “Soubemos que aquele prédio está fechado há mais de 10 anos e com a situação da crise migratória ficou a conturbação de vulnerabilidade alimentar em Boa Vista, fora os brasileiros que têm a mesma dificuldade. A reabertura seria uma forma de oferecer alimento sustentável e acessível”, afirmou.
Dois documentos solicitando o espaço já foram encaminhados ao governo, que ainda não teria dado um retorno sobre o pedido. Segundo o padre, caso a administração estadual ceda o prédio à Associação, o espaço irá funcionar de segunda a sábado oferecendo refeições com valores de R$ 3,00 a R$ 4,00. “Tem um projeto para utilizar durante oito anos. São ONGs internacionais da Europa que iriam nos ajudar, além de empresários de Manaus. A ajuda seria por meio de compras de alimentos para abater em imposto de renda das empresas além de outros incentivos fiscais”, destacou.
Ele afirmou que o projeto prevê que o restaurante atenda, com uma equipe de nutricionistas, com a oferta de alimentação balanceada. “Muita gente não tem alimentação adequada, não apenas os estrangeiros. Tem pessoas que moram em bairros da zona Oeste que enfrentam dificuldades para ter o que comer. Esses restaurantes foram criados para serem sem fins lucrativos e a ideia é que permaneça assim”, frisou.
GOVERNO – Em nota, o Governo de Roraima confirmou que recebeu o documento no dia 19 de fevereiro e esclareceu que o local está desativado e é necessária a verificação da estrutura, equipamento e levantamento situacional, para decidir sobre a possibilidade de atendimento ao pedido da referida Associação. (L.G.C)