Captar detalhes e paisagens já é uma habilidade incrível, agora fotografar e bordar os detalhes de uma fotografia para criar texturas e movimento é uma aptidão para poucos. Esse é o caso da artista Tatiana Capaverde, fotógrafa e professora do curso de Letras, da Universidade Federal de Roraima (UFRR).
A história da porto-alegrense com a fotografia já possui muitos anos de estrada, quando ainda cursava os primeiros anos do curso de arquitetura e trabalhava em eventos como fotógrafa. No entanto, os cliques que ficaram de lado ao passar no concurso em Roraima, só tornou-se parte essencial da vida de Tatiana durante a pandemia da Covid-19.
Ao decorrer do período de isolamento social, muitas pessoas procuraram meios de se entreter para ocupar o tempo ócio. Com Tatiane não foi diferente, a professora conta que nesse período refletiu sobre os caminhos que havia escolhido para a sua vida.
“Na pandemia eu precisava encontrar algo para que eu não enlouquecesse, então eu comecei a pensar que eu deveria retomar algumas coisas que eu deixei de fazer. Assim, eu resolvi tirar algumas fotos macros já que eu só podia fotografar dentro do pátio. Eu fotografava folhas, penas e comecei a fazer cursos de photoshop e comprei equipamentos de tecnologia digital”, relembrou.
Ela afirma que ao tirar suas fotos, queria que as pessoas sentissem acolhimento ao visualizá-las, pois naquele momento era esse o sentimento que ela precisava pela situação vivida no mundo. Além disso, a professora também buscava trazer beleza ao ambiente e transmitir diversos sentimentos a quem as visse.
BORDADO, FOTOGRAFIA E O PROCESSO DE PRODUÇÃO
O bordado era outra atividade que Tatiana praticava que ficou para escanteio por um longo tempo. Com as habilidades aprendidas com a avó, foi na pandemia enquanto fazia os vários cursos que a fotógrafa resolveu reviver os talentos ao achar um curso que ensinava o fotobordado.
“Apesar de eu saber bordar, era diferente bordar o papel, uma vez que você não pode rasgar, tem que furar e nem todo ponto que é feito no tecido pode ser aplicado ao papel, assim eu iniciei fazendo cópias em papel comum para acertar os pontos”, explicou.
Devido as suas preferências por paisagens, detalhes e texturas, a junção da fotografia e os bordados funcionaram super bem para ela. Agora, unindo as duas artes é possível evidenciar os elementos que compõem as imagens captadas por Tatiana.
Entretanto, a professora explica que nem toda fotografia tem potencial para ser bordada e relata que há alguns materiais que são mais flexíveis ao processo.
“Eu analiso e seleciono as fotografias que são possíveis fazer a intervenção, uma vez que nem todas funcionam para o bordado. Então, faço a impressão no pigmento mineral e no papel algodão para ter maior maleabilidade do papel e realizo a aplicação do bordado. Geralmente, utilizo uma cópia da foto de papel comum para testar alguns pontos e depois faço a furação, que é um processo que não tem reversão”, explicou.
Ela também informa que, com o fotobordado, é possível construir diversas narrativas, mas que seu estilo é evidenciar o que já está presente na imagem.
“Tem artistas que fazem intervenções mais radicais que mudam a narrativas, mas a minha perspectiva é sempre salientar o que já está na imagem, pois eu penso que sou primeiro fotografa e depois bordadeira.”, declarou.
LETRAS X FOTOGRAFIA
A fotógrafa não terminou a faculdade de arquitetura, mas formou-se em Letras. Junto a sua carreira acadêmica, Tatiana busca juntar a fotografia, bordado e a literatura.
“Na minha dissertação de mestrado trabalhei com uma série fotográfica, então eu trago esses elementos da fotografia e da estética para a academia e com relação à literatura. Recentemente, fiz uma série de fotos para minha pesquisa de pós-doutorado que o tema da produção é deslocamento, eu tentei trazer a mistura da fotografia e o bordado dentro dessa temática”, informou.
EXPOSIÇÃO E EXPECTATIVA
Agora, Tatiana está na expectativa de sua primeira exposição “Entre Tintas e Linhas, Fotos e Bordados”, que ocorrerá no dia 06 de setembro, na Cafeteria Podcast Coffee Pub, localizada na rua Severino Soares de Freitas, nº 1464, no Paraviana.
Apesar de já ter exposto alguns trabalhos anteriormente, essa é a primeira vez participando de um evento exclusivo para divulgação de seu trabalho.
“A primeira exposição a gente não esquece, minha expectativa é que as pessoas possam apreciar, ver outras formas de representação além do que elas já conhecem, assim como também tenham prazer e se conectem com uma memória boa a partir de alguma paisagem ou lugar”, declarou.