JESSÉ SOUZA

Rumores de um empréstimo bilionário e a inversão de uma lógica

Contratação de qualquer empréstimo pelo governo significa que é o povo que vai pagar a conta, no final (Imagem: Divulgação)

Circula há um certo tempo, em grupos de mensagens instantâneas, rumores de que estaria ocorrendo uma articulação, junto à Assembleia Legislativa, visando a aprovação de um projeto de lei autorizando o Governo de Roraima a contrair um empréstimo de R$2 bilhões. É um assunto muito delicado em se tratando do fato de que temos um governador cassado pela Justiça Eleitoral.

O assunto se enche de maior relevância pelo fato de esse mesmo governador ter sido eleito pela primeira vez pregando o bordão de que “dinheiro tem, o que falta é gestão”, após pegar um Estado com cofres quebrados e sob intervenção federal. E que se reelegeu afirmando categoricamente que havia um Estado saneado e pronto para alçar voos para um tão almejado desenvolvimento que impregna o discurso dos políticos.

Então, alto lá! É preciso que, antes de tudo, os parlamentares pensem muito bem e levem essa discussão a público antes de decidirem autorizar o Poder Executivo a contratar operação de crédito com qualquer que seja a instituição financeira. Não se pode esquecer também que, durante a pandemia, esse mesmo governo se orgulhava de ter em conta R$2 bilhões, cujo discurso servia para mostrar supostamente a seriedade da administração.

É importante destacar que a contratação de qualquer empréstimo significa que é o povo que vai pagar a conta, no final, refletindo principalmente no bolso daqueles mais pobres que terão mais impostos a pagar a fim de salda a dívida feito pelo Executivo. Um empréstimo de R$2 bilhões, nos cofres de um Estado com um governador cassado, precisa passar por uma ampla discussão da sociedade.  

Se o governador Antonio Denarium afirma que pegou um Estado quebrado e conseguiu saneá-lo para chegar a um segundo mandato, então significa que ele pode entregar um Estado endividado para um próximo mandatário ou mandatária, independente de quem seja e do que ocorrer daqui para frente no contexto político local.

Denarium poderá surfar na onda de um empréstimo bilionário e entregar um governo sem condições sequer de conceder aumento salarial para o funcionalismo público, a exemplo de policiais e professores, categorias estas que comeram o pão que o diabo amassou no governo anterior a este, tendo que recorrer a greves em frente ao Palácio Senador Hélio Campos.

Há algo que não está batendo dentro desse grande contexto. No mínimo uma mudança de lógica, passando de um Estado com suas finanças saneadas para um Estado que precisa pegar dinheiro emprestado exatamente no momento em que o governador foi cassado. Muita atenção, senhores e senhoras. Um assunto delicado que precisa ser bem debatido.

*Colunista

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