FENÔMENO CLIMÁTICO

Lavouras da agricultura familiar estão sendo afetadas pelo El Niño

Inmet afirma que situação pode se agravar com a intensificação do fenômeno, que trará mais estiagem.

Fenômeno meteorológico tem afetado lavouras em Roraima (Foto:ASCOM/Seadi)
Fenômeno meteorológico tem afetado lavouras em Roraima (Foto:ASCOM/Seadi)

A agricultura brasileira está sob ameaça devido ao fenômeno climático El Niño, que tem causado repercussões econômicas alarmantes. Em Roraima, o cenário não é diferente. A Seadi (Secretaria de Agricultura, Desenvolvimento e Inovação), vinculada ao Governo do Estado, está mobilizada na busca de soluções para atenuar os danos resultantes da prolongada estiagem.

Em Boa Vista, na zona rural, Edson Rodrigues, produtor de frutas e hortaliças, já vivencia os efeitos devastadores do fenômeno. “Há 45 dias não chove na região do Murupu, e a irrigação tem se mostrado insuficiente, tendo em vista que os poços artesianos e tanques não estão suprindo a demanda. Já perdemos plantações de pimentão, abóbora e milho devido à falta de chuvas que se iniciou em julho”, lamentou Rodrigues.

O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) alerta que a situação pode se agravar, indicando que o El Niño intensificará nos próximos dias, trazendo consigo mais estiagem e elevando o risco de incêndios, especialmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Wolney Costa, técnico da Seadi, explicou a natureza do fenômeno: “O El Niño, que ocorre a cada 5 ou 7 anos, é caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico equatorial. Esse aquecimento provoca alterações climáticas, desde a circulação de ventos até a distribuição de umidade. No inverno de Roraima, as consequências são chuvas escassas, o que obriga os produtores a adaptarem suas culturas de plantio para minimizar perdas econômicas”.

O Corpo de Bombeiros do Estado também se mostra preocupado. Segundo o coronel Anderson Matos, há 95% de probabilidade de que o El Niño persista até fevereiro de 2024. “Os dados do Inpe [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais] são claros quanto à intensidade do fenômeno neste período. Estamos elaborando estratégias para lidar com incêndios, exaurimento hídrico, perdas agrícolas, problemas respiratórios, consumo de água imprópria, entre outros desafios”, afirmou.

Glicério Fernandes, presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, ressaltou a necessidade de políticas públicas efetivas contra o desmatamento ilegal, como forma de reduzir os incêndios florestais. “O El Niño afeta a todos, principalmente nossa economia. Precisamos de um esforço consolidado para assegurar uma vida saudável à população”, declarou.

Marlon Buss, secretário adjunto estadual de agricultura, também pontuou sobre os impactos na agropecuária: “As safras estão diminuindo devido ao calor e falta de água. No entanto, é fundamental que os produtores estejam atentos ao calendário de plantio para garantir uma boa safra em 2024”.

Visando aliviar os impactos do El Niño na agricultura, a Seadi lançou, neste mês de setembro, uma iniciativa de diagnóstico junto aos produtores da Agricultura Familiar. O objetivo é identificar e implementar soluções específicas que beneficiem diretamente este setor tão vital para a economia de Roraima.