Pais de alunos de escolas estaduais procuraram a reportagem da Folha para denunciar que os filhos estão sendo liberados mais cedo, desde o início desta semana, por falta de merenda. O problema ocorre tanto em colégios da Capital quanto do interior do Estado, inclusive em unidades de ensino integral e militarizadas.
É o caso da Escola Estadual Luiz Rittler Brito de Lucena, localizada no bairro Raiar do Sol, zona Oeste de Boa Vista, uma das 18 militarizadas pelo Governo do Estado. Na quarta-feira, 7, os estudantes do período vespertino foram liberados quase duas horas antes do término das aulas porque a unidade não tinha o que oferecer de alimentos.
A reportagem da Folha foi até a escola, na manhã de ontem, 8, e conversou com funcionários que confirmaram a situação. Alguns disseram que, desde a semana passada, apenas bolacha de água e sal estava sendo servida. Já outros informaram que a situação havia sido normalizada no mesmo dia e que o imprevisto ocorreu por conta do atraso na entrega dos alimentos pela da empresa fornecedora.
Conforme os servidores, muitas crianças de famílias de baixa renda têm na merenda escolar sua principal alimentação do dia. Quem possui condições, está levando a merenda de casa para comer na hora do recreio.
Inconformada com o descaso, a mãe de uma aluna que estuda no sétimo ano da escola, reclamou da situação. “Tenho que preparar merenda de casa para levar para minha filha, porque a merenda lá está sendo apenas bolacha, isso quando tem. Estão sendo liberados mais cedo por conta disso. Há meses isso está ocorrendo”, relatou a mulher, que preferiu não se identificar.
Situação parecida é enfrentada na Escola Estadual José de Alencar, no Município de Rorainópolis, região Sul de Roraima. A unidade, de tempo integral, não estaria ofertando almoço e nem merenda aos alunos, que estariam comendo na casa de familiares. “Meu filho tem 16 anos, sai de casa de manhã e só volta final da tarde, mas não tem nada para comer na escola. Acho que se não tem condições de ser integral deveriam deixar apenas um horário, pois evitaria que os alunos passassem fome dentro da sala de aula”, denunciou o pai de um aluno, que também não quis ser identificado.
ATRASOS – A falta de merenda em algumas unidades da rede estadual pode ser explicada pelo atraso de quase oito meses nos repasses por parte do Governo do Estado à empresa que fornece frutas e verduras no cardápio das escolas, a Cooperativa dos Hortifrutigranjeiros de Boa Vista (Coophorta), que chegou a suspender o fornecimento no mês passado alegando que a dívida chega a R$ 2,5 milhões.
O gerente administrativo da Coophorta, Jucélio Luiz de Oliveira, informou que os alimentos voltaram a ser fornecidos após promessa do governo em quitar a dívida. “Não recebemos, mas mesmo assim não deixamos de fornecer. Ainda está sendo entregue, mas se dia 10 não fizerem o pagamento iremos suspender novamente. Muitos produtores não conseguem mais nem produzir, estamos conseguindo por meio de alguns que ainda estão fazendo a entrega”, relatou.
OUTRO LADO – Em nota, a Secretaria de Educação e Desporto (Seed) informou que na quarta-feira, 7, teve início a entrega de hortaliças, frutas, legumes e carnes pela Cooperativa responsável, reforçando ainda mais o cardápio das escolas estaduais que conta com mais de 50 itens. (L.G.C)